O Ibovespa subiu de novo nesta terça-feira (10), indo contra as preocupações globais, impulsionadas pelos conflitos no Oriente Médio. O indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, até poderia cair, mas o dia ficou marcado pela busca por ativos de risco.
Na sessão de hoje (10), o Ibovespa subiu 1,37%, a 116.737 pontos. Esse é o patamar mais elevado do indicador desde 19 de setembro (117.845 pontos), ou seja, em três semanas.
Com o acréscimo deste avanço, o indicador eliminou as perdas de outubro e agora acumula alta de 0,15% no mês. Já em 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 6,38%. Aliás, os ganhos chegaram a superar 11% entre janeiro e julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando quase metade do saldo acumulado no ano.
Naquele mês, o Ibovespa teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1%, tombo considerado pequeno para a quantidade de sessões em campo negativo.
No último sábado (7), o grupo extremista islâmico Hamas atacou Israel, que contra-atacou em seguida. Essas ofensivas provocaram a morte de 1,8 mil pessoas, segundo os dados mais recentes. Também há milhares de desaparecidos e o Hamas sequestrou dezenas de reféns.
Esse cenário caótico provocou a disparada de mais de 4% dos preços do barril de petróleo na véspera (9). O encarecimento do petróleo, que é uma das principais commodities do mundo, tem força para elevar a inflação global, o que pode pressionar os bancos centrais a manterem os juros elevados.
Por sua vez, os juros altos enfraquecem a atividade econômica dos países. Logo, o aumento dos juros não é algo benéfico para os países, mas é uma medida necessária para controlar a inflação, termo que se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Então, por que, em meio a tudo isso, o Ibovespa subiu? A resposta é simples: os investidores estão deixando as preocupações em “banho-maria”, ou seja, não estão focando nos problemas, mas no otimismo com a baixa possibilidade de aumento dos juros nos EUA.
Confira abaixo algumas das principais preocupações do mercado:
Hoje (10), o vice-presidente do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, acalmou o mercado, que vinha temendo a alta dos juros no país, afirmando que a expectativa é que a entidade não eleve a taxa de juros nos EUA. Caso essa seja a decisão do Fed, ocorrerá com muita cautela para evitar danos à economia norte-americana.
Nos dois últimos anos, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação nos Estados Unidos, que chegou ao maior patamar em quase 40 anos. Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevados em mais de duas décadas anos, e havia risco de subir ainda mais até o final do ano.
Vale destacar que, na última reunião, realizada em setembro, o Fed optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais. Isso aumentou as preocupações entre os investidores, algo que retirava capital do Ibovespa, mas os temores ficaram de lado no pregão.
Na sessão de hoje (10), 79 das 86 ações listadas no Ibovespa subiram, resultado que mostra a disseminação das altas no dia. O indicador se beneficiou da redução dos riscos com o aumento dos juros nos EUA, o que fez muitos investidores buscarem ativos de risco.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 16 bilhões no pregão de hoje, 20% abaixo da média dos últimos 12 meses, de R$ 20 bilhões. Em outubro, a média está em R$ 15 bilhões.
Existem duas empresas muito importantes para o indicador, que concentram mais de um quarto das ações listadas na carteira teórica mais famosa do país. Por isso, os investidores ficam atentos a estas empresas para saber se o indicador vai subir ou cair na sessão.
A primeira empresa é a mineradora Vale, cujas ações respondem por cerca de 15% da carteira do Ibovespa. Em síntese, os papeis da mineradora tiveram uma variação positiva no dia (0,60%) e ajudaram a impulsionar o indicador.
A segunda empresa que sempre fica no radar dos investidores é a Petrobras, cujos papeis respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. Nesse caso, as ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN) da estatal subiram 1,03% e 0,74%, respectivamente, impulsionando o índice.
Por fim, cabe salientar que os acionistas preferenciais (PN) não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários (ON) podem exercer algum controle sobre a empresa.