O Ibovespa poderia ter sofrido um grande tombo nesta terça-feira (5), já que a maioria absoluta das ações listadas no indicador caíram. Contudo, o resultado do pregão foi bem melhor que o esperado, tudo graças aos papéis da Petrobras, que fecharam o dia em forte alta, amortecendo o recuo do índice.
A saber, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. Nesta terça-feira (5), as preocupações com a inflação no Brasil acabaram derrubando os papéis do indicador, que fechou o dia em queda.
Em resumo, o Ibovespa caiu 0,38%, a 117.331 pontos. Com isso, reduziu os ganhos em setembro, para 1,37%. Aliás, o indicador disparou na última sexta-feira (1º) após o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre, que surpreendeu o mercado.
Em 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 6,92%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. O indicador chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas o mês de agosto não foi bom para o mercado acionário nacional, que caiu em 18 dos 23 pregões realizados.
A saber, o Ibovespa subiu em apenas cinco sessões de agosto. Inclusive, o indicador chegou a cair por 13 pregões consecutivos, maior sequência de quedas já registrada na história. No entanto, as perdas acumuladas em agosto não foram tão altas quanto poderiam ter sido, visto que o indicador teve perdas de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para tantos recuos assim.
Nesta terça-feira (5), o mercado repercutiu os impactos que o barril de petróleo poderá causar no Brasil. Em suma, a cotação do barril chegou ao maior nível em dez meses, atingindo US$ 90 por barril, patamar que não havia sido alcançado em 2023 até então.
Desde a decretação da pandemia da covid-19, em março de 2020, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) vem cortando a sua produção de petróleo toda vez que a demanda global encolhe.
O problema é que a entidade vem realizando mais cortes que o esperado. Por exemplo, a Rússia e a Arábia Saudita iriam acabar com o corte da produção neste mês de setembro. Entretanto, os países decidiram postergar o corte até dezembro, e ainda há chances de novas decisões semelhantes, levando o corte de produção até o ano que vem.
Com a expectativa de uma produção mais limitada de petróleo, os preços do barril tendem a subir, assim como aconteceu hoje (5). Isso ligou o sinal de alerta nos investidores, pois os valores internacionais mais elevados pressionam a Petrobras a elevar os preços dos combustíveis no Brasil.
Como estes itens impactam fortemente a inflação no país, o temor de uma nova aceleração da taxa inflacionária, que poderia impedir a queda dos juros no Brasil, fez os investidores deixarem de lado os ativos negociados no país, e o Ibovespa acabou caindo na sessão.
Inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços. Quando a taxa inflacionária está muito elevada, o Banco Central (BC) age para segurá-la, através do aumento dos juros.
Em síntese, quando os juros sobem no Brasil, puxam consigo as taxas dos mais diversos setores econômicos, como o bancário e o imobiliário. Assim, ocorre uma redução do poder de compra do consumidor, já que os juros ficam mais altos e eles precisam pagar mais caro por produtos e serviços. Como consequência, a economia esfria, e a redução da demanda faz os preços caírem.
Isso começou a acontecer neste ano no Brasil, com a inflação perdendo força e o BC promovendo o primeiro corte dos juros em três anos. Aliás, a expectativa é que haja mais reduções dos juros ao longo dos próximos meses, mas isso só acontecerá se a inflação não voltar a ganhar força no país.
Quanto os juros caem, a renda variável, da qual o Ibovespa faz parte, fica mais fortalecida. Isso acontece porque os juros mais elevados tornam a renda fixa mais atrativa, aumentando a sua rentabilidade. Quando ela perde atratividade, os investidores tendem a recorrer à renda variável, ou seja, os juros mais baixos ajudam o Ibovespa porque tornam a renda fixa menos vantajosa.
Na sessão de hoje, 72 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto apenas 14 papéis subiram. Esse resultado mostra que houve disseminação das quedas no dia, ou seja, o indicador poderia ter caído bem mais que apenas 0,37%.
Isso só não aconteceu graças às ações da Petrobras, que respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. No pregão, as ações ordinárias (ON) saltaram 4,60%, enquanto os papéis preferenciais (PN) tiveram alta de 3,34%. Em suma, os preços elevados do barril de petróleo impulsionaram os papéis da companhia, apesar de terem derrubado boa parte das ações do Ibovespa.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou apenas R$ 17 bilhões nesta sessão, montante bem maior que a média diária de setembro, de R$ 15,2 bilhões.
Por fim, vale destacar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.