Após ter iniciado a semana em alta, o Ibovespa fechou o pregão desta terça-feira (17) em queda. O dia ficou marcado pela volatilidade do mercado, com o indicador alternando entre ganhos e perdas ao longo do dia.
Ao final da sessão, o Ibovespa caiu 0,54%, a 115.908 pontos. A saber, este é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
Com o acréscimo deste resultado, o índice aumentou as perdas registradas em outubro, que agora estão em -0,56%. Por outro lado, o Ibovespa reserva ganhos de 5,63% em 2023.
Aliás, o avanço acumulado neste ano chegou a superar 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1%, no mês.
No pregão de hoje (17), os investidores ficaram de olho em dados econômicos dos Estados Unidos. Em resumo, as vendas no varejo norte-americano cresceram mais que o esperado em setembro. O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo aumento das compras de veículos e dos gastos em restaurantes e bares.
O Federal Reserve (Fed), banco central americano, também revelou que a indústria dos EUA cresceu 0,4% em setembro, taxa que também superou as estimativas do mercado. A saber, o resultado surpreendeu, visto que o país enfrentou greves na indústria automobilística, que acabaram reduzindo a produção de veículos no país.
Além disso, os estoques empresariais dos Estados Unidos também cresceram mais que o esperado em agosto, segundo o Departamento de Comércio norte-americano.
Todos estes dados mostram que a maior economia do mundo deverá ter fortes resultados no terceiro trimestre deste ano. Embora esse dado seja muito positivo, também liga o sinal de alerta entre os investidores, pois tendem a indicar que a inflação continuará forte no país. Como resultado, a taxa de juros também deverá se manter elevada nos EUA.
Na semana passada, o vice-diretor do Fed afirmou que a entidade não deverá elevar a taxa de juros nos EUA. Em suma, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação no país dois últimos anos. Isso aconteceu porque a taxa inflacionária chegou ao maior patamar em quase 40 anos.
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas anos. Inclusive, na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.
Os dados econômicos mais fortes podem indicar pressão na inflação dos EUA. Como o principal objetivo dos juros é controlar a taxa inflacionária, o risco desta se fortalecer pode pressionar o Fed manter os juros elevados, ou até mesmo a aumentá-los. Esse risco fez os investidores deixarem o Ibovespa de lado, buscando os ativos dos Estados Unidos.
Por falar nisso, os juros mais altos aumentam a atratividade da renda fixa norte-americana. Aliás, os títulos do Tesouro dos EUA, chamados de treasuries, tiveram uma forte valorização nesta terça-feira (17). Isso acaba atraindo mais capital para os Estados Unidos, e boa parte desse dinheiro é proveniente de bolsas de valores, como o Ibovespa.
No último sábado (7), o grupo extremista islâmico Hamas atacou Israel, que contra-atacou em seguida. Essas ofensivas provocaram a morte de mais de 4 mil pessoas, segundo os dados mais recentes. Também há milhares de desaparecidos e de reféns.
Esse cenário caótico provocou o encarecimento de várias commodities, o que poderá pressionar a inflação global. No entanto, os investidores não acreditam que o evento evoluirá de maneira a impactar a taxa inflacionária mundial. Na verdade, muitos afirmam que os conflitos se tratam de um problema humanitário, e não mais que isso.
De todo modo, o mercado continua analisando toda a situação, tendo como principais preocupações:
Até agora, nada disso aconteceu, de fato. Por isso que os investidores seguem atentos, principalmente, aos juros nos Estados Unidos, considerando esse fator mais importante para a cotação dos ativos do que os próprios conflitos no Oriente Médio.
Na sessão de hoje (17), 73 das 86 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto apenas 13 subiram. O resultado mostra que o indicador poderia ter tido uma queda ainda mais intensa, já que a maioria dos papeis encerraram o dia no vermelho. Isso só não aconteceu devido aos avanços, que conseguiram limitar a queda do índice.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 17 bilhões no pregão de hoje, 10% abaixo da média dos últimos 12 meses. Em outubro, a média está em R$ 15,1 bilhões, menor montante mensal de 2023. Por outro lado, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões.