O Ibovespa caiu pelo segundo pregão consecutivo, pressionado pela escalada dos conflitos entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas. Os investidores deixaram os ativos de risco de lado e buscaram ativos mais seguros, provocando uma queda firme do indicador.
Na sessão desta quarta-feira (18), o Ibovespa caiu 1,60%, a 114.060 pontos. Esse é o menor patamar em quase duas semanas. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
Com o acréscimo deste resultado, o índice aumentou as perdas registradas em outubro, que agora estão em -2,15%. Por outro lado, o Ibovespa ainda reserva ganhos de 3,94% em 2023.
Aliás, o avanço acumulado neste ano chegou a superar 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1%, no mês.
No último dia 7 de outubro, o Hamas atacou Israel, que contra-atacou em seguida. Desde então, ambos os lados vêm se atacando, e a guerra chegou ao 12º dia nesta quarta-feira (18), com as tensões mais elevadas do que nunca.
Na véspera (17), uma ataque a um hospital no sul da Faixa de Gaza causou a morte de centenas de pessoas, incluindo crianças. O ataque foi condenado por diversos países porque ataques a hospitais são considerados crimes de guerra. Israel negou a autoria do ataque e acusou a Jihad Islâmica, que também negou ter atacado o hospital.
Em meio à essa guerra de narrativas, as negociações diplomáticas estão cada vez mais difíceis. Aliás, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está no Oriente Médio para tentar encontrar soluções diplomáticas para a guerra, mas autoridades da Palestina, do Egito e da Jordânia cancelaram o encontro com Biden após o ataque ao hospital.
Todo o risco envolvendo os conflitos entre Israel e Hamas, que já provocaram a morte de mais de 4 mil pessoas, causa temor aos investidores, que buscam ativos mais seguros, principalmente os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, chamados de treasuries, e boa parte do dinheiro que segue para a maior economia do mundo é retirada de bolsas de valores, incluindo a brasileira.
Em primeiro lugar, a grande questão da guerra no Oriente Médio é que se trata de um problema humanitário. Inclusive, muitos investidores vêm afirmando que os conflitos não deverão ser mais do que isso, ou seja, não terão força para afetar a economia global. Entretanto, a escalada da guerra está preocupando cada vez mais.
Em suma, alguns fatores preocupam os investidores de todo o planeta, com destaque para:
Esse cenário caótico já provocou o encarecimento do petróleo nos últimos dias. Nesta quarta-feira (18), o barril do petróleo Brent, que é referência global, subiu mais de 2%, para US$ 93. Como esta é uma das principais commodities do mundo, o aumento do seu preço pode pressionar a inflação global.
Além disso, o Irã pediu a imposição de um embargo petrolífero a Israel. O país é aliado do Hamas e inimigo histórico dos EUA. De acordo com o Irã, os países mulçumanos deveriam interromper imediatamente o fornecimento de petróleo para Israel.
Na verdade, os países mulçumanos e autoridades árabes condenam a atuação de Israel, pois os palestinos também são mulçumanos. Por outro lado, os Estados Unidos e vários outros países ocidentais declararam apoio a Israel e à resposta militar do país aos ataques do Hamas.
Caso os conflitos escalem cada vez mais, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio. Os preços elevados da commoditie poderão encarecer os combustíveis, provocando um efeito dominó em vários outros produtos e serviços, pressionando a inflação em vários países.
Na sessão de hoje (18), 72 das 86 ações listadas no Ibovespa caíram, número semelhante ao da véspera, quando 73 papeis fecharam no vermelho. Nesta quarta-feira, apenas 11 ações subiram, enquanto outras três se mantiveram estáveis.
O resultado só não foi mais negativo graças aos papeis da Petrobras, que se beneficiaram da alta do petróleo e subiram no dia. A saber, as ações da petrolífera respondem por cerca de 11,5% do Ibovespa. Logo, as suas oscilações tendem a exercer forte influência no indicador.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 23 bilhões no pregão de hoje, 21% acima da média dos últimos 12 meses. Em outubro, a média está em R$ 15,8 bilhões, menor montante mensal de 2023. Por outro lado, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões.