Economia

Haddad não convence e preocupação fiscal DERRUBA Ibovespa

O Ibovespa seguiu o mesmo movimento observado na última sexta-feira (27) e iniciou a semana em queda. Mais uma vez, a questão fiscal pesou na sessão, com os investidores repercutindo algumas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a saúde fiscal do Brasil.

Nesta segunda-feira (30), o Ibovespa caiu 0,68%, aos 112.532 pontos. Enquanto a queda no pregão passado foi provocada por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as contas públicas do país, o recuo de hoje aconteceu praticamente pelo mesmo motivo, mas após falas no ministro da Fazenda.

Com o acréscimo deste resultado, o Ibovespa aumentou as perdas de outubro, para -3,46%. Por outro lado, o indicador ainda reserva ganhos de 2,55% em 2023. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.

O resultado anual estava bem melhor há alguns meses. A saber, a alta acumulada em 2023 chegou a 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1% no mês.

Em setembro, o Ibovespa até conseguiu subir, mas a alta foi bem leve. Já agora em outubro, o resultado tem sido negativo, refletindo o pessimismo dos investidores, principalmente com o cenário internacional.

Haddad tenta explicar, mas não reduz preocupações

Na última sexta-feira (27), o presidente Lula afirmou que “dificilmente” o Brasil conseguirá zerar o déficit em suas contas em 2024. A declaração preocupou o mercado, principalmente por causa da pouca importância que o presidente pareceu dar ao tema. Isso porque a saúde fiscal de um país é um grande indicador para que muita gente decida alocar recursos nele.

Eu sei da disposição do Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição. Já dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero“, disse Lula.

Eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que que é? De 0,25%, o que é? Nada. Absolutamente nada. Vamos tomar a decisão correta e vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil“, acrescentou o presidente.

Nesta segunda-feira (30), durante uma coletiva de imprensa, o ministro Haddad não afirmou nem negou se a meta de zerar o déficit das contas havia mudado. Esse posicionamento foi bem diferente das últimas declarações do ministro, que vinha defendendo fortemente a redução para zero do déficit das contas públicas em 2024.

Esse novo posicionamento preocupou o mercado e derrubou o Ibovespa. Embora o presidente Lula nunca tenha defendido essa meta de zerar o déficit das contas, as declarações firmes de Haddad sobre a busca por essa meta pareciam reconfortar o mercado. Contudo, as falas mais recentes, dando um pouco menos importância ao tema, causou temor entre os investidores.

Declarações do presidente Lula e do ministro Haddad preocupam investidores e derrubam Ibovespa. Imagem: Pixabay.

Definição dos juros no Brasil e EUA também repercute

Na sessão de hoje (30), os investidores também repercutiram a nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que terá início amanhã (31). A expectativa é que o Copom promova um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) dos juros no país, uma vez que a inflação vem desacelerando, ainda mais fortemente que o esperado pelo mercado.

Atualmente, a taxa básica de juro do Brasil, a Selic, está em 12,75% ao ano. Caso o Copom realmente promova mais dois cortes de 0,50 p.p., os juros irão cair para 11,75% ao ano. A taxa ainda ficará elevada, mas 2,0 pontos percentuais abaixo do observado em julho, o que já é um alívio para a economia brasileira, que perde força com os juros elevados.

Por fim, os investidores também estão de olho nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, também vai decidir nesta semana o futuro da política monetária do país.

Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Embora a entidade não tenha descartado a possibilidade de elevar a taxa de juros, a expectativa é que o Fed opte pela manutenção da taxa.

O maior problema é em relação ao último encontro de 2023, realizado em dezembro. Nesse caso, os investidores estão cada vez menos confiantes na manutenção dos juros, e muitos já apostas no aumento dos juros no país.

68 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão

Na sessão de hoje (30), 68 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda, puxando o indicador para baixo e refletindo o pessimismo entre os investidores. Apenas 17  papeis fecharam o pregão em alta, enquanto um se manteve estável.

A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 14 bilhões na sessão, 26% abaixo da média dos últimos 12 meses. Neste mês de outubro, a média está em R$ 16,1 bilhões, menor montante mensal de 2023, juntamente com setembro.

Em contrapartida, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões.

Veja as maiores altas e quedas nesta segunda-feira (30)

Na sessão de hoje (30), as ações que tiveram os maiores avanços percentuais, entre as poucas que subiram, foram:

  1. Usiminas PNA: 4,49%;
  2. CCR SA ON: 2,54%;
  3. CSN Mineração ON: 2,42%;
  4. Weg ON: 2,12%;
  5. Dexco ON: 1,83%.

Em contrapartida, os papeis com as quedas mais intensas do dia tiveram variações bem mais expressivas, puxando o Ibovespa para baixo. Veja abaixo quais foram as ações:

  1. Casas Bahia ON: -6,25%;
  2. Magazine Luiza OO: -6,16%;
  3. Braskem PNA: -5,47%;
  4. Petz ON: -4,86%;
  5. Hypera ON: -4,72%.

Por fim, cabe salientar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.