A guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas entrou no 13º dia. Os impactos dos conflitos podem ser vistos nos noticiários, com milhares de mortos e feridos. No entanto, a guerra também poderá afetar significativamente a atividade econômica mundial.
No início dos conflitos, poucos analistas acreditavam que isso realmente aconteceria. Na verdade, a guerra no Oriente Médio é um problema humanitário. Inclusive, muitos investidores vêm afirmando que os conflitos não deverão ser mais do que isso, ou seja, não terão força para afetar a economia global. Entretanto, a escalada da guerra está preocupando cada vez mais.
Em meio a isso, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou na quarta-feira (18) que, “em princípio”, a guerra entre Israel e Hamas não deverá afetar a cotação do petróleo. Contudo, caso os conflitos ultrapassem as fronteiras de Israel e da Faixa de Gaza, chegando aos outros países árabes, os preços dos combustíveis poderão subir no Brasil.
Em resumo, o petróleo é uma das principais commodities do mundo. Por falar nisso, o termo se refere a produtos elaborados em larga escala e que funcionam como matéria-prima, pois possuem qualidade e características uniformes. Em outras palavras, as commodities são utilizadas por dezenas de países e dão origem a vários derivados.
No caso do petróleo, ele dá origem à gasolina e ao óleo diesel. Além disso, a Petrobras leva em consideração a cotação do petróleo e do dólar para reajustar os preços dos combustíveis no Brasil. Portanto, quanto mais caros eles estiverem, maiores as chances de a empresa elevar os preços no país.
O presidente da Petrobras disse à imprensa que o envolvimento de países nos conflitos, como Egito e Irã, poderá ser algo bem ruim para o Brasil. As declarações foram feitas após uma reunião de Prates com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
De acordo com Jean Paul Prates, o preço do petróleo já está bastante elevado por causa da guerra. Na quarta-feira (18), a cotação do petróleo Brent, que é referência mundial, chegou a US$ 93, valor bem alto. A situação fica ainda mais complicada para o Brasil, que já está com os combustíveis bem caros.
“Teve a reoneração [dos combustíveis] no Brasil, no caso do governo Bolsonaro, que usou a medida mais simplista, que foi o corte de imposto. Isso acabou levando pra esse governo mais uma carga [tributária]. A gente já está administrando a crise anterior e agora essa”, disse Prates.
“O preço subiu [mais] com esse espasmo da questão de Israel. Isso deu-se durante dois ou três dias, depois voltou à estrutura de antes, mas ainda é estrutura de preço alto”, acrescentou.
Em suma, alguns fatores estão preocupando os investidores de todo o planeta, com destaque para:
Esse cenário caótico já provocou o encarecimento do petróleo nos últimos dias. Embora os preços não estejam nos patamares mais elevados desde o início da guerra, ainda assim continuam muito altos, o que pressiona a Petrobras a encarecer os combustíveis no Brasil.
Também cabe salientar que o Irã pediu a imposição de um embargo petrolífero a Israel. O país é aliado do Hamas e inimigo histórico dos EUA. Segundo o Irã, os países mulçumanos deveriam interromper imediatamente o fornecimento de petróleo para Israel.
Na verdade, os países mulçumanos e as autoridades árabes condenam a atuação de Israel, pois os palestinos também são mulçumanos. Por outro lado, os Estados Unidos e vários outros países ocidentais declararam apoio a Israel e à resposta militar do país aos ataques do Hamas.
Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.
Embora Prates tenha admitido que os preços dos combustíveis poderão subir no Brasil caso a guerra fique ainda mais grave, o presidente da Petrobras afirmou que “não há indícios” de que isso vá realmente acontecer.
“Então, até que se alastre para um país produtor, falando até de forma um pouco insensível – claro que tem uma preocupação humanitária, com o problema da guerra – mas do ponto de vista do mercado de petróleo e gás, por enquanto, não há indício que a gente vá ver alastramento disso para países como Irã e Egito, países produtores [de petróleo]“, disse Prates.