O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) caiu 4,1 pontos em julho deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice recuou para 103,5 pontos, menor nível desde novembro de 2017 (103,1 pontos).
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra bastante confiável com a economia brasileira.
A propósito, os 100 pontos são uma faixa de neutralidade do indicador. Assim, a faixa de 103,5 pontos em que o IIE-Br se encontra indica um grau superficial de incerteza no país. Contudo, o valor é bastante positivo, pois essa é a primeira vez em quase seis anos que a taxa cai para abaixo de 105 pontos.
Vale destacar que o grau de incerteza vinha se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos primeiros meses de 2023. Embora o indicador tenha avançado no início do ano, as altas não foram muito expressivas e não elevaram o grau de incerteza de maneira significativa.
Já nos últimos quatro meses, as quedas prevaleceram, e não foram apenas superficiais. Por isso que o IIE-Br caiu para o menor nível em quase seis anos, e a expectativa é que o indicador cai ainda mais nos próximos meses.
A queda do nível de incerteza econômica em julho foi a quarta consecutiva, indicando que as expectativas para o desempenho da economia brasileira estão mais otimistas.
“Enquanto nos três meses anteriores a queda do IIE-Br havia sido determinada exclusivamente pelo componente de Mídia, em julho o resultado é influenciado também pelo componente de Expectativas“, afirmou Anna Carolina, economista do FGV IBRE.
A propósito, o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em junho, os componentes seguiram trajetórias diferentes, mas um deles teve uma variação mais significativa e exerceu uma influência maior.
De um lado, o componente de Mídia caiu 2,6 pontos no mês, para 101,9 pontos, menor nível desde fevereiro de 2015 (99,7 pontos). Com isso, contribuiu com uma queda de 2,3 pontos para o indicador de incerteza no mês.
No entanto, o destaque ficou com o componente de Expectativas, que caiu 8,2 pontos no mês, para 108,6 pontos, reduzindo o IIE-Br em 1,8 ponto. Como o componente de expectativas exerce menos impacto que o de mídia, sua influência no indicador de incerteza econômica também foi menor.
Cabe salientar que a queda do componente de expectativas interrompeu uma sequência de três meses de alta, período em que acumulou ganho de 8,6 pontos. Isso quer dizer que a queda em julho eliminou quase toda a alta registrada nos três meses anteriores.
O cenário atual é completamente diferente do observado nos últimos anos. Em suma, a incerteza econômica no Brasil disparou em 2020 devido à pandemia da covid-19.
Em março daquele ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia, e isso fez o IIE-Br subir impressionantes 52 pontos, para 167,1 pontos. No mês seguinte, houve outra disparada da incerteza, e o indicador subiu mais 43,4 pontos, alcançando 210,5 pontos em abril, maior nível da série histórica.
A título de comparação, antes da pandemia, o recorde do indicador havia sido alcançado em setembro de 2015, quando o IIE-Br chegou a 136,8 pontos. Em outras palavras, o novo recorde, registrado em abril de 2020, ficou 53,9% superior ao maior patamar observado antes da crise sanitária.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta semana.
De acordo com Anna Carolina Gouveia, a desaceleração da inflação foi o principal fator para a redução da incerteza econômica do país. “Com a desaceleração da inflação ficando mais clara, observa-se redução da heterogeneidade nas previsões de 12 meses tanto para o IPCA quanto para a Selic“, explicou a economista.
Aliás, Anna Carolina disse que, “de forma geral, a queda do IIE-Br nos últimos meses tem relação com a melhoria das perspectivas para o cenário macroeconômico do país, com redução também das incertezas fiscais e políticas“.
No entanto, ela ponderou que “a continuidade desse quadro dependerá tanto da recuperação da atividade econômica quanto da manutenção de uma relação colaborativa e sinérgica entre as esferas do governo“.
A redução dos juros deverá ajudar a reduzir ainda mais o IIE-Br de agosto. A saber, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. O corte foi mais forte que o esperado, e o próprio Copom já afirmou que as próximas reuniões deverão ter reduções nesse mesmo patamar.