O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um benefício criado para proteger o trabalhador em situações de demissão sem justa causa e para auxiliar na aquisição da casa própria. Recentemente, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anunciou a intenção de submeter ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um projeto de lei que propõe mudanças significativas no FGTS, com o potencial de impactar até R$ 14 bilhões na economia. O projeto em questão visa alterar as regras do Saque-Aniversário e permitir o desbloqueio do saldo para trabalhadores demitidos.
O Saque-Aniversário do FGTS foi criado em 2019 e permite que o trabalhador faça retiradas anuais do seu fundo no mês de seu aniversário. No entanto, em caso de demissão, o trabalhador fica impedido de acessar o montante acumulado na conta do FGTS vinculada àquele emprego. Segundo números do FGTS, cerca de 28 milhões de trabalhadores aderiram a essa modalidade, o que torna o assunto bastante complexo devido ao volume de adesões.
A proposta de mudança apresentada pelo ministro Luiz Marinho busca corrigir uma distorção existente no Saque-Aniversário e permitir que trabalhadores demitidos sem justa causa tenham acesso ao saldo do FGTS, mesmo que tenham aderido ao Saque-Aniversário e, por isso, fiquem impedidos de acessar os recursos em caso de desligamento. O projeto de lei em análise na Casa Civil determina que esses trabalhadores demitidos que contrataram financiamentos com o saldo do FGTS como garantia tenham a obrigação de quitar suas dívidas com o valor resgatado antes de sacar o saldo remanescente.
Essa proposta visa corrigir uma injustiça contra o trabalhador, já que a adesão ao Saque-Aniversário não deveria impedir o acesso ao saldo em caso de demissão sem justa causa. O objetivo do FGTS é socorrer o trabalhador nessas situações, sendo que a finalidade do fundo foi desvirtuada com essa restrição. Além disso, técnicos do Ministério do Trabalho argumentam que permitir saques anuais fere outro objetivo fundamental do FGTS, que é formar uma poupança para financiar investimentos em infraestrutura.
O Ministério do Trabalho está avaliando a possibilidade de implementar uma restrição que impeça o trabalhador demitido de retornar ao Saque-Aniversário após sacar o saldo remanescente do FGTS. Dessa forma, o trabalhador voltaria a ficar vinculado apenas ao Saque-Rescisão, que permite o resgate do saldo em caso de demissão sem justa causa, evitando assim as retiradas periódicas do fundo.
Essa medida tem como objetivo incentivar os trabalhadores a desistirem do Saque-Aniversário e preservarem o saldo como uma reserva para situações de demissão. Além disso, pretende evitar que o trabalhador utilize o FGTS como uma fonte de renda anual, prejudicando a formação de uma poupança para investimentos em infraestrutura.
As propostas de mudanças no Saque-Aniversário do FGTS e no desbloqueio do saldo para trabalhadores demitidos sem justa causa são uma tentativa de corrigir distorções e injustiças percebidas nessa modalidade. O FGTS foi criado com o intuito de proteger o trabalhador em situações de demissão, e a adesão ao Saque-Aniversário não deveria impedir o acesso ao saldo em caso de desligamento. A proposta em análise busca restabelecer o propósito original do FGTS e garantir que os trabalhadores demitidos tenham acesso aos recursos que lhes são devidos.
Cabe agora ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso Nacional avaliar a proposta e tomar a decisão que considerem mais adequada. É importante lembrar que essas mudanças podem ter um impacto significativo na economia, por isso é fundamental considerar todos os aspectos antes de implementá-las. O FGTS é um direito do trabalhador e deve ser utilizado de maneira justa e equilibrada, garantindo a segurança financeira em momentos de dificuldade.