Em junho, o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, prometeu cortar 4.307 cargos comissionados da administração federal. O congelamento, porém, não foi posto em prática entre junho e julho. No período, todos os órgãos do Executivo federal — ministérios (veja o quadro ao lado), fundações, institutos, agências reguladoras e outros — nomearam 7.236 servidores, entre estatutários e extraquadros. Enquanto isso, o número total de exonerados foi de 5.524 pessoas. Foram 1.712 nomeações a mais. Os números foram obtidos via Lei de Acesso à Informação e retirados do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape).
Ao anunciar os cortes, o governo estimou em R$ 230 milhões a economia com o fim dos cargos. O EXTRA procurou o Ministério do Planejamento, que justificou as nomeações do período como parte da “estruturação das novas equipes” de governo. Segundo a pasta, dos 4.300 cortes que já foram prometidos, 1.210 foram feitos por meio de decretos. O ministério reforçou que as nomeações são “tradicionais”, após as alterações de comando com o novo governo.
Cargos ligados à Presidência são maioria entre cortes
Os postos de trabalho ligados ao gabinete da Presidência foram os mais afetados “pela economia” até agosto. Entre junho e julho, foram 712 cortes contra 335 nomeações (377 cargos congelados). Os dados obtidos pelo EXTRA englobam as seguintes categorias: cargos em comissão de assistência, de gerência, técnicos, de gerência executiva, de assessoria, superiores e de direção. A maior parte dos cortes afetou cargos superiores, o que atingiu, na média, o mesmo número de servidores estatutários e extraquadros. Entre as nomeações, os órgãos que mais contrataram foram as universidades federais. A Advocacia-Geral da União (AGU) também abusou das nomeações de junho a julho: 121, contra 73 exonerações. Somente o cargo de assessoramento superior recebeu dez novos servidores.