O governo federal tomou a decisão de excluir os beneficiários do programa Bolsa Família de uma modalidade importante de crédito, visando evitar o endividamento da população em situação de vulnerabilidade. Essa medida foi anunciada após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) validar a contratação de empréstimos consignados por beneficiários de alguns programas sociais. No entanto, quanto ao Bolsa Família, previamente, na lei que recriou o programa de transferência de renda já existe essa proibição referente ao crédito consignado. Com a decisão do STF, a proibição continuará em vigor.
O Bolsa Família é um programa de transferência de renda criado com o objetivo de combater a pobreza e a desigualdade social no Brasil. Ele atende famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, oferecendo um auxílio financeiro mensal que varia de acordo com a composição familiar e a renda per capita. O programa também incentiva a frequência escolar das crianças e o acompanhamento da saúde, por meio de condicionalidades.
O Supremo Tribunal Federal validou, por unanimidade, a legislação que permite a contratação de empréstimos consignados por beneficiários de programas sociais. Todavia, a lei que recriou o programa Bolsa Família em substituição ao Auxílio Brasil já proíbe expressamente a contratação de empréstimos consignados pelos beneficiários. Essa proibição tem como objetivo evitar que o valor mensal do benefício seja comprometido com o pagamento de prestações, prejudicando o principal objetivo do programa, que é garantir o acesso à alimentação para as famílias em situação de vulnerabilidade.
De acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, o Bolsa Família não configura salário, mas sim um programa de transferência de renda. Comprometer uma parte desse valor mensal com o pagamento de prestações pode comprometer o objetivo principal do programa, que é garantir a alimentação adequada para as famílias beneficiárias.
“Atendemos famílias abaixo da linha da pobreza. Se você comprometer um valor mensal do Bolsa Família com pagamento de prestação, pode comprometer o principal objetivo do programa, que é alimentação”, disse Wellington Dias, por meio de uma nota publicada.
A discussão sobre a possibilidade de contratação de empréstimos consignados pelos beneficiários do Bolsa Família não é recente. Em agosto de 2022, durante a corrida eleitoral, o então presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que permitia a contratação desse tipo de empréstimo por beneficiários de programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Essa lei foi criada a partir de uma medida provisória editada pelo governo e aprovada pelo Congresso Nacional. Ela permitia que os beneficiários autorizassem a União a descontar dos repasses mensais os valores referentes ao pagamento de empréstimos e financiamentos. No entanto, a aprovação dessa medida foi criticada por especialistas, que acreditavam que a liberação dos consignados poderia levar a um aumento no endividamento da população mais vulnerável.
Em outubro de 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a suspensão do empréstimo consignado do Auxílio Brasil, citando o possível uso político desse tipo de crédito durante as eleições presidenciais. Em janeiro deste ano, a Caixa Econômica Federal suspendeu a concessão de novos empréstimos consignados a beneficiários do Auxílio Brasil, afirmando que a linha de crédito passaria por uma revisão completa de parâmetros e critérios.
Em março, com a sanção da lei que substituiu o Auxílio Brasil pelo Bolsa Família, a contratação de empréstimos consignados pelos beneficiários foi proibida.
A exclusão dos beneficiários do Bolsa Família da possibilidade de contratação de empréstimos consignados tem um impacto direto na vida dessas famílias. O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo em que a prestação é descontada diretamente do benefício recebido, garantindo assim taxas de juros mais baixas.
Para muitos beneficiários, essa modalidade de crédito poderia ser uma alternativa para lidar com emergências financeiras ou investir em melhorias em suas condições de vida. No entanto, a restrição imposta pelo governo impede que eles tenham acesso a essa forma de crédito.
A decisão do governo federal de excluir os beneficiários do Bolsa Família da possibilidade de contratação de empréstimos consignados tem como objetivo evitar o endividamento da população em situação de vulnerabilidade. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha validado a contratação de consignados por beneficiários de programas sociais, a lei que recriou o Bolsa Família já proíbe expressamente essa modalidade de crédito.
Apesar das controvérsias em torno desse assunto, é importante destacar que o Bolsa Família é um programa fundamental para combater a pobreza e a desigualdade social no Brasil. O objetivo principal do programa é garantir o acesso à alimentação para as famílias em situação de vulnerabilidade, e qualquer medida que possa comprometer esse objetivo deve ser cuidadosamente avaliada.