A partir de novembro, o país vai passar por uma grande mudança na lógica dos seus programas sociais. O Auxílio Emergencial e o Bolsa Família, por exemplo, deixarão de existir. No lugar deles, o Governo Federal deverá colocar um novo benefício. O resultado dessa manobra é que cerca de 22 milhões de pessoas ficarão sem nada ainda neste ano. É o que se sabe.
O Palácio do Planalto parece estar ciente desta situação. Só que ainda não sabe o que vai fazer com ela. Nesta segunda-feira (20), o Ministro da Cidadania, João Roma, disse que o Governo precisa achar uma solução para essas pessoas. Só que ele ainda não disse se há algum projeto em discussão.
“Nós precisamos, sim, encontrar mecanismos que possam dar o devido encaminhamento, dar o suporte a esses 22 milhões de brasileiros do auxílio emergencial”, disse o Ministro que é responsável direto pelos pagamentos dos projetos sociais no Brasil. Ele disse ainda que a situação da economia ainda não está boa.
“Para essas pessoas, a transformação do cenário econômico ainda não apresenta um cenário de absorção econômica, apesar de a pandemia, graças a Deus, estar chegando ao fim, ao controle sanitário no Brasil. As consequências sociais da pandemia ainda não foram dizimadas”, completou o Ministro durante audiência na Câmara dos Deputados.
Hoje, de acordo com o Ministério da Cidadania, o Auxílio Emergencial do Governo Federal atende algo em torno de 34,5 milhões de pessoas. Já o Bolsa Família atende mais de 4 milhões. Vale lembrar que alguns beneficiários do programa acabaram migrando para o outro apenas momentaneamente.
Apesar de dizer que o Governo vai pensar em algo para essas pessoas que ficarão sem auxílios, o Ministro disse que é preciso ter cuidado com a área econômica. Ele falou que a discussão sobre o teto de gastos é importante neste momento.
“A área social e a área econômica do governo são duas faces de uma mesma moeda”, disse o Ministro. A fala acaba mostrando que o Palácio do Planalto não pretende gastar muito para ajudar essas pessoas que ficarão sem auxílios.
“Ao mesmo tempo em que é fundamental encontrarmos recursos para dar resposta a toda essa população, precisamos ter todo zelo no quesito da responsabilidade fiscal. Igualmente é danoso para os mais pobres um descaminho econômico, um processo inflacionário”, completou.
Vale lembrar que essa conta que mostra que 22 milhões ficarão sem auxílios está defasada. Isso porque ela não considera as pessoas que não estão recebendo nenhum tipo de benefício hoje em dia.
Existe uma parcela da população que está em situação de vulnerabilidade e que mesmo assim não está conseguindo receber nem o Auxílio Emergencial e nem o Bolsa Família. Pessoas que passaram por cancelamentos, por exemplo, estão neste grupo.
Esse cenário mostra que o Governo Federal vai ter um desafio grande para dar algum tipo de assistência para milhões de pessoas. Em entrevista recente, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a saída é dar emprego para esses cidadãos.