O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou uma decisão marcante hoje ao assinar uma medida provisória que impactará diretamente o cenário dos investimentos no Brasil. A nova medida estabelece a cobrança de um imposto escalonado de 15% a 20% sobre os rendimentos provenientes de fundos exclusivos, aqueles que possuem apenas um único cotista.
Conforme os cálculos apresentados pelas autoridades federais, aproximadamente 2,5 mil indivíduos brasileiros têm seus recursos aplicados em tais fundos. Estes fundos exclusivos, apesar de serem relativamente poucos em número, acumulam uma impressionante cifra de R$ 756,8 bilhões em ativos, representando uma fatia significativa de 12,3% do total de fundos existentes no país.
Um ponto relevante a ser observado é que, apesar de não existir um valor mínimo obrigatório para investir nesses fundos, estima-se que os investidores interessados devam possuir um patrimônio mínimo substancial de R$ 10 milhões. Isso se deve ao fato de que os custos de manutenção desses fundos exclusivos podem totalizar até R$ 150 mil por ano. Esses fundos têm sido popularmente conhecidos como “fundos dos super ricos”.
O anúncio da medida provisória ocorreu durante um evento especial no Palácio do Planalto. Este evento, marcado pela sanção presidencial das reformas tributárias e salariais, foi o cenário perfeito para a revelação das mudanças iminentes no âmbito dos investimentos.
Dentro deste contexto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desempenhou um papel crucial ao defender as medidas de taxação não apenas dos fundos exclusivos, mas também de investimentos no exterior. Haddad, ao se pronunciar durante o evento, enfatizou que a intenção é estabelecer um sistema tributário mais justo e equilibrado em busca de justiça social. Suas palavras refletem a perspectiva de que estas medidas promovem uma maior coesão na sociedade.
Além disso, o ministro da Fazenda ressaltou que tais medidas encontram paralelos em legislações adotadas por países mais desenvolvidos do mundo. Ele mencionou explicitamente nações capitalistas da Europa, América do Norte e América do Sul que têm adotado abordagens similares. Esse alinhamento internacional serve como pano de fundo para as reformas em andamento, reforçando sua natureza moderna e sua posição em um cenário global de políticas fiscais.
“Estamos olhando para os países da OCDE [Organização para o Cooperação e o Desenvolvimento Econômico], estamos olhando para os nossos vizinhos mais desenvolvidos, mais bem arrumados, o caso do Chile, da Colômbia. Estamos olhando para os Estados Unidos, para a Europa. Estamos olhando para as boas práticas do mundo inteiro e procurando estabelecer, e nos aproximar, tentativamente, daquilo que faz sentido do ponto de vista da justiça social. Aqui não tem nenhum sentimento que não seja o de justiça social”, disse.
Em um movimento ousado e com o objetivo de aprimorar a arrecadação de recursos para o país, o governo federal anunciou também o envio de um projeto de lei que visa tributar rendimentos obtidos no exterior por meio de entidades offshore e trusts. A medida foi anunciada concomitantemente com a polêmica MP dos fundos exclusivos, em um evento no Palácio do Planalto.
O projeto de lei propõe a tributação de rendimentos auferidos por meio de estruturas conhecidas como trusts e offshore, utilizadas frequentemente para administrar bens e investimentos fora das fronteiras nacionais. Os trusts representam empresas estrangeiras que têm a responsabilidade de gerir ativos de grupos familiares, enquanto as empresas offshore referem-se a instituições de investimento situadas no exterior.