O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que o governo federal está estudando a criação de um Desenrola para empresas. O programa de negociação de dívidas funcionaria nos mesmos moldes da atual versão, que atende apenas pessoas físicas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin não chegou a dar mais detalhes sobre o funcionamento desta nova fase do Desenrola. De todo modo, entende-se que o projeto tem potencial de proteger estas companhias, considerando que ele funcione nos mesmos moldes do Desenrola para as pessoas físicas.
Dados mais recentes do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que o Brasil conta com mais de 6,6 milhões de companhias endividadas neste momento. Em um nível de comparação, estamos falando de 300 mil empresas a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
O mesmo levantamento indica que estes são os setores que registram mais empresas endividadas neste momento:
“Um ciclo de elevação da inadimplência acaba tornando os bancos mais seletivos e rigorosos na concessão de crédito. O crédito encarece, os spreads bancários aumentam, a economia começa a patinar e pode até mesmo entrar em recessão”, explica o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.
“Programas de resgate financeiro são bons desde que pessoas não sejam endividadas compulsivas e que empresas tenham viabilidade econômica. Então você resgata uma empresa que mantém empregos, você salva a empresa e salva empregos”, explica o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), Fábio Pina.
Desde o lançamento do programa Desenrola, quase R$ 2 bilhões em dívidas foram negociados, segundo os dados mais recentes divulgados pelo governo federal. Os números consideram os procedimentos realizados até o último dia 2 de novembro.
Neste período, estima-se que mais de 1 milhão de débitos tenham sido totalmente negociados através do sistema do Desenrola. Os débitos que somaram R$ 2,1 bilhões acabaram sendo quitados por pouco mais de R$ 262 milhões.
Em números absolutos, o governo federal estima que cerca de 590 mil brasileiros de todas as regiões do país aproveitaram a oportunidade para limpar o nome, e negociar as suas dívidas junto aos bancos, e outros credores.
“O desempenho sinaliza a confiança e aceitação da plataforma Desenrola por parte dos usuários, que encontram nela uma solução eficaz para a gestão financeira. Além disso, esses resultados refletem o potencial do programa de oferecer caminhos viáveis e sustentáveis para que a população brasileira volte a ter crédito”, diz o governo federal.
A nova fase do programa Desenrola está aberta desde o dia 9 de outubro. Nesta nova etapa, estão sendo realizadas negociações de dívidas bancárias, além de contas atrasadas de outros setores, como água, luz e saneamento, por exemplo. O comércio varejista também está comtemplado nesta nova fase.
Tais dívidas podem ser quitadas à vista, com descontos de mais de 80% em alguns casos. Existe ainda a possibilidade de negociar o débito através de parcelas em até 60 meses, considerando uma taxa de juros de 1,99% ao mês. Neste caso, a primeira parcela vence em 60 dias.
“Desde a abertura da plataforma, débitos de até R$ 5 mil com os maiores descontos já podiam ser pagos a prazo, em até 60 meses. Agora as demais dívidas com valor atualizado em até R$ 5 mil também contarão com possibilidade de parcelamento. Novas dívidas que já estão no programa poderão ser incluídas na negociação a prazo ao longo dos próximos ciclos”, disse o Ministério da Fazenda.
Novas informações sobre o “Desenrola das Empresas” devem ser divulgadas dentro de mais algumas semanas. Mas o mais provável é que esta nova etapa só esteja disponível a partir de 2024.