As geladeiras brasileiras são bem menos eficientes que o padrão internacional. Graças a uma regulamentação frouxa e desatualizada, as geladeiras do Brasil deixam a conta de luz muito mais cara do que deveriam, e, ainda por cima, estão longe de melhorarem. Sendo assim, o processo de conservar alimentos acaba saindo mais caro ao final do mês.
Deste modo, as geladeiras e congeladores fabricados e vendidos no Brasil gastam mais que o dobro de energia do que os mesmos produtos comercializados em outros países. A lista de comparação inclui diversos países, como Estados Unidos, México, Índia e Quênia, o que coloca o Brasil em um patamar fora dos padrões adotados internacionalmente.
Ademais, o impacto das fracas normas regulamentadoras é duplo: além de gastar mais com a conta de luz, o contribuinte ainda arca com o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dado a esses produtos. Assim, quem acaba saindo no maior prejuízo são os contribuintes, que precisam pagar mais caro por um erro da legislação.
O subsídio, que tira dinheiro dos cofres públicos, é garantido desde 2009 aos fabricantes na produção de geladeiras e outros eletrodomésticos. Em teoria, o subsídio é aplicado a eletrodomésticos que sejam considerados de alta eficiência pelas regras do país. Porém, o problema é que na prática, a “alta eficiência” no Brasil é bem baixa.
Isso acontece por conta dos critérios utilizados no Programa Brasileiro de Etiquetagem, que é o sistema que classifica os eletroeletrônicos e outros produtos de acordo com o nível de gasto de energia, administrado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Dentro dos critérios estabelecidos, os equipamentos recebem selos com notas que vão de E, para o pior, a A, para o melhor. Quanto maior a nota, melhor a eficiência do produto, ou seja, menos energia ele gasta para fazer as mesmas coisas que outros iguais. O que, no final do mês, diminui os gastos com a conta de luz.
Para os refrigeradores, porém, essa etiquetagem não era atualizada desde 2006. Assim, essa desatualização fez com que as exigências para o selo A parassem no tempo e permitissem que, hoje, mesmo equipamentos com tecnologia defasada recebam a nota
mais alta. Logo, quem acaba sofrendo com isso, é o contribuinte que paga a conta de luz.
Ademais, de acordo com o próprio Inmetro, menos de 9% das geladeiras comercializadas no país hoje receberiam o selo A, caso o critério de nivelação do selo fosse maior. Em vista disso, o instituto afirma que o maior gasto das geladeiras brasileiras, em comparação com outros países, é por conta de adaptações exigidas por conta das temperaturas tropicais do país.
Cálculos feitos pelo International Energy Initiative (IEI) mostram que, com a legislação atual, uma geladeira padrão pode gastar até 54,3 quilowatt-hora por mês para ter direito à etiqueta A. Logo, o valor equivale a R$ 42,35 na conta de luz mensal, em média.
Portanto, se a etiqueta A do Brasil aplicasse os mesmos limites exigidos hoje nos Estados Unidos, no México, na Índia ou no Quênia, essa mesma geladeira gastaria no máximo R$ 25 na conta do mês. O que sairia bem mais barato na conta de luz dos brasileiros que utilizam o eletrodoméstico.