A guerra entre Rússia e Ucrânia já chega ao seu décimo dia e ao que tudo indica deverá, muito em breve, impactar no aumento do preço da gasolina no Brasil. O preço do barril de petróleo deverá se manter acima dos US$ 100 durante os próximos meses, não importando o tempo de duração do conflito.
Nesta semana, além do preço do barril de petróleo chegar a bater U$ 139, o maior patamar de preço atingido nos últimos 14 anos, os Estados Unidos anunciaram um boicote às importações de petróleo da Rússia. Motivos pelos quais fazem a defasagem de preços da Petrobras chegar a 40%.
Para ter uma ideia, se por caso a Petrobras decidir reajustar integralmente o preço da gasolina por conta da alta do preço do barril de petróleo internacional e que ainda não foi repassado completamente aos clientes, o preço do litro da gasolina nos postos iria subir de repente de R$ 6,56 para R$ 7,15.
Entretanto, atualmente o Brasil passa por uma grande incerteza sobre o que vai acontecer com os preços da gasolina, diesel e do gás de cozinha no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro (PL), considerando ser um ano eleitoral, já sinalizou que não vai deixar a Petrobras repassar integralmente a alta do petróleo no mercado internacional aos preços do mercado interno.
Normalmente a Petrobras reajusta seus preços no mercado interno levando em conta a cotação do barril no mercado internacional e a variação do câmbio, já que o petróleo é precificado globalmente em dólares. Caso o governo intervenha nas ações da estatal, isso deixará de acontecer.
Por isso, o governo estuda dois caminhos possíveis para conseguir limitar a alta dos combustíveis. A primeira é congelar os preços por até seis meses, deixando a conta para a Petrobras, que teria suas margens comprimidas ao vender os combustíveis mais baratos do que os custos de importação.
O segundo caminho seria utilizar o Tesouro Nacional para subsidiar os combustíveis, usando para isso os recursos dos dividendos pagos pela Petrobras à União. Em fevereiro, a empresa distribuiu cerca de R$ 101 bilhões em dividendos referentes ao resultado de 2021, o maior da sua história, com cerca de 28% deste montante sendo destinado à União.
Porém, nenhum dos dois caminhos agrada o mercado. O congelamento de preços penalizaria o valor da Petrobras e os acionistas minoritários. Já o subsídio teria impacto negativo para o equilíbrio das contas públicas.
Em um discurso realizado no Palácio do Planalto na última segunda-feira (07/03), o presidente voltou a criticar a política de preços da Petrobras. “Tem legislação errada, feita lá atrás, que você tem paridade com preço internacional. O que é tirado do petróleo leva-se em conta o preço fora do Brasil, isso não pode continuar acontecendo. Estamos vendo isso aí sem mexer, sem nenhum sobressalto no mercado”.
“Leis feitas no passado são o grande problema. Vamos buscar solução de forma bastante responsável”, acrescentou Bolsonaro.
Se for mantida a política de preços da Petrobras, o aumento da gasolina e de outros combustíveis deverá ser notado logo. A única explicação dada pelos especialistas para ainda não ter acontecido o aumento de preços nas bolsas, é justamente pelo câmbio que se valorizou.