Função Poética: A linguagem que valoriza a mensagem

É a função da linguagem que se dedica à mensagem

A Função Poética, também conhecida como estética, é a função da linguagem que tem como objetivo valorizar a mensagem, da forma que ela está sendo transmitida.

A função poética é uma das seis funções da linguagem definidas pelo linguista Roman Jakobson, onde cada uma delas deve abordar os diferentes elementos da comunicação, que são:

  • Emissor (quem fala).
  • Receptor (com quem se fala).
  • Mensagem (o que se fala).
  • Referente ou Contexto (assunto da mensagem).
  • Canal ou Contato (veículo da mensagem).
  • Código (sistema de linguagem).

Funções da linguagem

Além da função poética existem mais cinco funções de linguagem. Também vale lembrar que, em um mesmo texto, pode haver várias funções de linguagem. Sendo assim, é preciso identificar qual a função predominante. Saiba quais são as demais funções de linguagem:

Função Emotiva ou Expressiva

É comum a comparação entre a função poética e a função emotiva, no entanto, a principal diferença entre elas é que a poética trabalha a mensagem e a emotiva destaca o emissor.

Os textos na função emotiva são tratados na 1ª pessoa do singular, fala dos seus sentimentos, dos seus desejos, ou seja, apenas sobre si.

É comum perceber nesse tipo de função a presença de interjeições, reticências e pontos de exclamação.

 

Exemplo:

Música: Senhas – Cantora: Adriana Calcanhotto

Eu não gosto do bom gosto

Eu não gosto do bom senso

Eu não gosto dos bons modos

Não gosto.

 

Função Apelativa ou Conativa ou Imperativa

Na função conativa o foco é o receptor. Tem como principal característica o tom imperativo com a intenção de convencimento. Esse recurso é comum nas propagandas, em pregações e até em palestras. Comunica-se utilizando a 2ª pessoa do discurso (tu/você, vós/vocês)

 

Exemplo:

Vem pra Caixa você também, vem!”

Compre batom, compre batom, seu filho merece batom.

 

Função Referencial, Denotativa, Informativa ou Cognitiva

Tem a função de transmitir a informação de forma objetiva. Tem o foco no referente da mensagem. A função referencial é comum nos textos jornalísticos, científico e didáticos. Esse tipo de texto coloca em evidência o referente, ou seja, o assunto ao qual a mensagem se refere.

Exemplo:

Há mais de 15 anos tendo como objetivo proporcionar uma formação completa e de qualidade para estudantes brasileiros, o programa Educa Mais Brasil oferece mais de 700 mil bolsas de estudo em todo o País, em mais de 25 mil instituições parceiras priorizando aqueles que não possuem condições financeiras para arcar com 100% da mensalidade.

 

Função Fática

A função fática tem como objetivo o foco no canal, buscando manter ou interromper uma comunicação. Neste tipo de função, o mais importante não é o que fala e nem quem fala, mas estabelecer o contato entre o emissor e o receptor, ou seja, o que está ocorrendo.

Esta função está presente em comunicações do cotidiano como fala, saudações: Alô! Tudo bem? Tchau!

Além disso, pode apresentar-se em trechos de músicas com é o exemplo da canção Baby alô (Oi Nego) interpretada pelo cantor Devinho Novaes.

Exemplo:

Baby alô

(Oi nego)

Tudo bem contigo?

(Tudo bem)

Só liguei perguntar se foi divertido

(Divertido?)

Me trair

(Eu nunca te trai).

 

Função Metalinguística

A função metalinguística preocupa-se com o código. É característico quando o código torna-se objeto de análise dele mesmo. São os casos dos pintores que fazem o seu autorretrato ou dos compositores que fazem uma composição retratando a sua própria história.

Os gêneros textuais que contam com a linguagem metalinguística são mais variados como o verbete de dicionário, poema, roteiro ou romance.

A função é encontrada em verbos no modo imperativo, verbos e pronomes na segunda ou terceira pessoa, na tentativa de convencer o receptor a ter um determinado comportamento. Tem presença predominante em textos de publicidade e propaganda.

Características da Função Poética

No função poética o objeto exaltado é a palavra, ela deve ser trabalhada e comunicada de uma forma interessante para que o leitor seja atraído. Estre as suas principais características é possível citar:

  • Palavras com uma função estética.
  • Utilização do sentido figurado ou conotativo.
  • Utilização de textos bem elaborados.
  • Presença das figuras de linguagem como a metáfora.
  • Proporciona uma subjetividade ao texto.
  • Busca surpreender, fugir do comum.
  • São facilmente encontradas na literatura, na poesia, na música e na publicidade.

Função Poética na Poesia

A forma mais comum de encontrarmos a função poética é na poesia, nas prosas, nos poemas ou até em trechos de livros. Um dos poemas clássicos desse gênero são as peças feitas pelo publicitário e poeta Décio Pignatari.

 

Exemplos:

COCA-COLA

B E B A C O C A C O L A

B A B E C O L A

B E B A C O C A

B A B E C O L A C A C O

C A C O

C O L A

C L O A C A

RA TERRA TER

RAT ERRA TER

RATE RRA TER

RATER RA TER

RATERR A TER

RATERRA TERR

ARATERRA TER

RARATERRA TE

RRARATERRA T

ERRARATERRA

TERRARATERRA

 

Função Poética na Publicidade

Essa função não é comum apenas nas artes, mas também pode ser encontrada nos textos em prosa, ditados, slogans, anúncios publicitários, etc.

Pode-se tomar como exemplo o anúncio do medicamento Doril. Nele há um slogan feito em rimas e com a construção de uma estética por meio da assimetria das letras.

Exemplo:

Tomou Doril, a dor sumiu.

 

Função Poética na Música

Assim como em outras artes, a função poética está presente na música principalmente na função estética causada pelas rimas. Este é o caso da música Futuros amantes de Chico Buarque de Holanda.

 

Exemplo:

Não se afobe, não

Que nada é pra já

O amor não tem pressa

Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário

Na posta-restante

Milênios, milênios

No ar

 

E quem sabe, então

O Rio será

Alguma cidade submersa

Os escafandristas virão

Explorar sua casa

Seu quarto, suas coisas

Sua alma, desvãos

Sábios em vão

Tentarão decifrar

O eco de antigas palavras

Fragmentos de cartas, poemas

Mentiras, retratos

Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não

Que nada é pra já

Amores serão sempre amáveis

Futuros amantes, quiçá

Se amarão sem saber

Com o amor que eu um dia

Deixei pra você.