A função fática é uma das seis funções da linguagem elaboradas pelo linguístico Roman Jakobson (1896-1982). Essa função tem o objetivo de interromper, prolongar ou estabelecer a comunicação. O termo corresponde a rumor ou a ruído.
A comunicação é formada por importantes elementos que são mensagem, emissor, receptor, canal, código e contexto.
Como mencionado, a função fática tem o objetivo de interromper, prolongar ou estabelecer a comunicação. Além disso, envolve ainda o despertar e a atenção do receptor. Exemplo:
É função fática quando também o emissor testa o canal de comunicação, por exemplo:
É outro exemplo de função fática, a tentativa de prolongar ou manter o diálogo. Como:
A função fática ocorre também quando o emissor quer suscitar a comunicação com o emissor.
É comum também utilizarmos rumores ou ruídos em uma determinada conversa, como:
Observe o trecho abaixo do livro “A hora da estrela” da autora Clarisse Lispector.
“Ele se aproximou e com a voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
– E se me desculpe, senhorita, posso convidar a passear?
– Sim, respondeu atabalhoadamente com a pressa antes que ele mudasse de ideia.
– E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
– Macabéa.
– Maca — o quê?
– Bea, foi ela obrigada a completar.
– Me desculpe mas até parece doença, doença de pele”.
O trecho: “e se me desculpe, senhorita, posso convidar a passear?” é um exemplo de interrupção na fala.
A função fática está presente em diversas canções. Observe a música abaixo “Alô” de Chitãozinho & Xororó.
“Alô! Tô ligando pra saber como você está
Eu “tava” à toa e por isso resolvi ligar
Pra contar que sonhei com você
Alô! É tão bom ouvir de novo a sua voz
Apesar da distância que há entre nós
Tem uma coisa que eu preciso dizer (…)”
A expressão “alô” mostra o teste do canal de comunicação realizado pelo emissor. Outra canção que exprime o exemplo de função fática é a música intitulada “Como vai você” do cantor Roberto Carlos.
“Como vai você? Eu preciso saber da sua vida
Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia
Anoiteceu e eu queria só saber
Como vai você? Que já modificou a minha vida
Razão de minha paz já esquecida
Não sei se gosto mais de mim ou de você (…)”.
Como já mencionado, a função fática tem como característica a tentativa do emissor em suscitar a comunicação com o destinatário. O trecho “como vai você” exprime esse comportamento.
O linguista russo Roman Jakobson foi um pensador do século XX que criou as funções da linguagem. Além da função fática existem também: função metalinguística, função referencial, função poética, função apelativa e função emotiva.
A função referencial tem como objetivo informar de maneira direta e objetiva, ou seja, não utiliza-se expressões subjetivas. Neste caso, usa-se a linguagem denotativa. É possível encontrar encontrada a função referencial em textos noticiosos como, por exemplo: jornais e revistas. Está presente ainda em textos científicos.
A função apelativa é conhecida também como função conativa. Ela é caracterizada por transmitir ao leitor mensagens com o intuito de convencê-lo ou persuadi-lo. Ela está presente, principalmente, em textos publicitários ou de instruções como receitas.
A função emotiva é também denominada de função expressiva e tem como objetivo transmitir mensagens que despertam emoções no receptor. Uma das principais características dessa função é a linguagem subjetiva em que utiliza-se a primeira pessoa do singular ou do plural. O texto de blog pessoal é um exemplo dessa função.
A função poética tem como princípio a estética da mensagem. É caracterizada pela utilização de figuras de linguagem e expressões subjetivas, portanto, no sentido conotativo. O trecho de “Sonetos” do autor Luís de Camões é um exemplo de função poética.
“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer (…)”
A função metalinguística tem como característica a tradução da própria linguagem, ou seja, o intuito do texto é fazer referência sobre o código utilizado. Pode-se perceber um exemplo dessa função em uma música que fala sobre ela mesma.
O trecho abaixo da música “A canção tocou na hora errada” de Ana Carolina é um exemplo da função metalinguística.
“A canção tocou na hora errada
E eu que pensei que sabia tudo
Mas se é você eu não sei nada
Quando ouvi a canção, era madrugada
Eu vi você, até senti tua mão
E achei até que me caía bem como uma luva
Mas veio a chuva, ficou tudo tão desigual (…)”
Outro exemplo consiste quando consultamos no dicionário o significado da palavra “dicionário”. Percebe-se, portanto, que o objetivo do código é fazer referência a ele mesmo.