Função Fática: Estudo das funções da linguagem

A função fática é uma das seis funções da linguagem elaboradas pelo linguístico Roman Jakobson (1896-1982). Essa função tem o objetivo de interromper, prolongar ou estabelecer a comunicação. O termo corresponde a rumor ou a ruído.

Quais são os elementos da comunicação?

A comunicação é formada por importantes elementos que são mensagem, emissor, receptor, canal, código e contexto.

  • Mensagem: esse elemento corresponde ao conteúdo ou o assunto transmitido;
  • Emissor: diz respeito a quem propaga a mensagem, intitulado também como destinador. O emissor pode ser, por exemplo: uma pessoa, como também uma empresa.
  • Receptor: esse é conhecido também como destinatário. A função desse é receber a mensagem;
  • Canal: diz respeito ao meio em que a mensagem é propagada. O canal pode ser, por exemplo: microfone, rede social, telefone, TV, dentre outros.
  • Código: corresponde ao conjunto de signos e regras estabelecidas para compor a mensagem;
  • Contexto: esse elemento da comunicação é conhecido também como referente. Diz respeito ao assunto ou a situação a qual a mensagem se refere.

Exemplo de frases da função fática

Como mencionado, a função fática tem o objetivo de interromper, prolongar ou estabelecer a comunicação. Além disso, envolve ainda o despertar e a atenção do receptor. Exemplo:

  • Psiu! Você está fazendo muito barulho.
  • Ei, estou falando com você!

 

É função fática quando também o emissor testa o canal de comunicação, por exemplo:

  • Alô! Você me ouve?
  • Compreende o que eu falei?

 

É outro exemplo de função fática, a tentativa de prolongar ou manter o diálogo. Como:

  • José é um bom aluno, não é?
  • Juliana, você já pode ir pra casa, ok?
  • Você pode esperar sentado, certo?
  • Daniel, você está proibido de jogar vide-game, ficou claro?

 

A função fática ocorre também quando o emissor quer suscitar a comunicação com o emissor.

  • Olá, Ângela, como foi o fim de semana?
  • Oi, Cássia! Você está bem?
  • Boa tarde, está calor aqui não é?
  • Bom dia, como vai?

 

É comum também utilizarmos rumores ou ruídos em uma determinada conversa, como:

  • Hum-hum: responder positivamente;
  • Hmm? ou hein? perguntar o que se trata.

 

Aplicação da função fática na literatura

Observe o trecho abaixo do livro “A hora da estrela” da autora Clarisse Lispector.

“Ele se aproximou e com a voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:

– E se me desculpe, senhorita, posso convidar a passear?

– Sim, respondeu atabalhoadamente com a pressa antes que ele mudasse de ideia.

– E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?

– Macabéa.

– Maca — o quê?

– Bea, foi ela obrigada a completar.

– Me desculpe mas até parece doença, doença de pele”.

O trecho: “e se me desculpe, senhorita, posso convidar a passear?” é um exemplo de interrupção na fala.

 

Exemplo da função fática na canção

A função fática está presente em diversas canções. Observe a música abaixo “Alô” de Chitãozinho & Xororó.

“Alô! Tô ligando pra saber como você está

Eu “tava” à toa e por isso resolvi ligar

Pra contar que sonhei com você

Alô! É tão bom ouvir de novo a sua voz

Apesar da distância que há entre nós

Tem uma coisa que eu preciso dizer (…)”

A expressão “alô” mostra o teste do canal de comunicação realizado pelo emissor. Outra canção que exprime o exemplo de função fática é a música intitulada “Como vai você” do cantor Roberto Carlos.

“Como vai você? Eu preciso saber da sua vida

Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia

Anoiteceu e eu queria só saber

Como vai você? Que já modificou a minha vida

Razão de minha paz já esquecida

Não sei se gosto mais de mim ou de você (…)”.

Como já mencionado, a função fática tem como característica a tentativa do emissor em suscitar a comunicação com o destinatário. O trecho “como vai você” exprime esse comportamento.

 

Outras funções da linguagem

O linguista russo Roman Jakobson foi um pensador do século XX que criou as funções da linguagem. Além da função fática existem também: função metalinguística, função referencial, função poética, função apelativa e função emotiva.

Função referencial

A função referencial tem como objetivo informar de maneira direta e objetiva, ou seja, não utiliza-se expressões subjetivas. Neste caso, usa-se a linguagem denotativa. É possível encontrar encontrada a função referencial em textos noticiosos como, por exemplo: jornais e revistas. Está presente ainda em textos científicos.

Função apelativa

A função apelativa é conhecida também como função conativa. Ela é caracterizada por transmitir ao leitor mensagens com o intuito de convencê-lo ou persuadi-lo. Ela está presente, principalmente, em textos publicitários ou de instruções como receitas.

Função emotiva

A função emotiva é também denominada de função expressiva e tem como objetivo transmitir mensagens que despertam emoções no receptor. Uma das principais características dessa função é a linguagem subjetiva em que utiliza-se a primeira pessoa do singular ou do plural. O texto de blog pessoal é um exemplo dessa função.

Função poética

A função poética tem como princípio a estética da mensagem. É caracterizada pela utilização de figuras de linguagem e expressões subjetivas, portanto, no sentido conotativo. O trecho de “Sonetos” do autor Luís de Camões é um exemplo de função poética.

“Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer (…)”

Função Metalinguística

A função metalinguística tem como característica a tradução da própria linguagem, ou seja, o intuito do texto é fazer referência sobre o código utilizado. Pode-se perceber um exemplo dessa função em uma música que fala sobre ela mesma.

O trecho abaixo da música “A canção tocou na hora errada” de Ana Carolina é um exemplo da função metalinguística.

 

“A canção tocou na hora errada

E eu que pensei que sabia tudo

Mas se é você eu não sei nada

Quando ouvi a canção, era madrugada

Eu vi você, até senti tua mão

E achei até que me caía bem como uma luva

Mas veio a chuva, ficou tudo tão desigual (…)”

Outro exemplo consiste quando consultamos no dicionário o significado da palavra “dicionário”. Percebe-se, portanto, que o objetivo do código é fazer referência a ele mesmo.