A Função Emotiva, também chamada de Função Expressiva, fundamenta-se na subjetividade, isto é, na mensagem que é utilizada pelo emissor, caracterizada pela transmissão de emoções e sentimentos. A função emotiva faz parte das funções da linguagem que estão entre os principais assuntos que caem nas provas. Elas são importantes ferramentas da comunicação, baseadas na forma como os indivíduos se expressam conforme o texto que o emissor quer passar e pra quem será enviada a mensagem. Por isso se faz necessário compreender alguns elementos da comunicação. Veja abaixo:
Na Função Emotiva o destaque é para o emissor. Ela consiste nas visões pessoais de quem elabora a mensagem, que se pode identificar através do estado de ânimo, sentimentos e emoções. Ela é caracterizada por pontuações como as reticências, pontos de exclamações (!), ponto de interrogação (?) e interjeições. Também é muito marcada pelo uso da primeira pessoa do singular.
Muito encontrada em poemas ou narrativas românticas e dramáticas, a Função Emotiva também aparece bastante em depoimentos, memórias, músicas, biografias, cartas de amor, diário, relatos pessoais, relatos de viagens e até mesmo nas novas plataformas digitais como o blog, vlog, instagram, snapchat, etc.
Exemplos de Função Emotiva
É muito comum a Função Emotiva e a Função Poética estarem relacionadas com o discurso presente nos gêneros literários, sobretudo os poemas e poesias. Observe abaixo alguns exemplos nos quais essa função de linguagem aparece:
“Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microcopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.”
O poema intitulado ‘Sentimento do Mundo’, do autor Carlos Drummond de Andrade, nos revela a visão de mundo do poeta. Como se pode ver, Drummond utiliza do discurso na primeira pessoa do singular para a composição dos versos, uma das características da Função Emotiva. A mensagem é totalmente voltada para o emissor, para suas reflexões.
O autor Fernando Pessoa em seu poema ‘Poema em linha reta’ também se utiliza da primeira pessoa do singular. Ele revela uma forte crítica de si mesmo, além de indagar os leitores sobre respostas. Observe:
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
(…)”
Outro autor muito conhecido que usa da Função Emotiva é Vinícius de Moraes em seu poema intitulado ‘Soneto da fidelidade’. Ele utiliza da primeira pessoa do singular para a transmissão da mensagem. O eu-lírico se destaca para potencializar a mensagem do autor.
“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”
A Função Emotiva também aparece muito nas músicas, uma vez que nelas estão embutidas as reflexões, sentimentos, memórias dos próprios artistas. A canção expressa, nos primeiros versos, o “eu” centrado em si próprio, de modo que expõe seus pensamentos, dores e vontades. Confira ma música ‘Eu nasci há dez mil anos atrás’ do cantor e compositor Raul Seixas.
“Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou para ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história
Que era mais ou menos assim:
Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais (2x)
Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo para pagarem seus pecados,
Eu vi,
Eu vi Moisés cruzar o mar vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes diante do espelho
Eu vi,
Eu nasci
(eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(eu nasci há dez mil anos)
(…)”