A Nilson Report, fonte mais respeitada de notícias e análises da indústria global de cartões, publicou um relatório chamado de “Card Fraud Losses Worldwide”. Segundo o relatório, as perdas com fraudes utilizando o cartão de crédito poderão chegar a US$ 49 bilhões até o ano de 2030, ao redor do mundo.
Além disso, o estudo demonstrou que, neste mesmo período, o volume de dinheiro gerado por todos os tipos de cartões de pagamento pode chegar à marca dos 79 trilhões de dólares.
Já no Brasil, segundo dados da pesquisa “Impressões Digitais e sua relação com as pessoas e as empresas”, 2 em cada 10 brasileiros já foram vítimas de alguma fraude de cartão de crédito. O Banco Central (BC) afirma que, em maio de 2023, o Brasil possuía 190,8 milhões de cartões de crédito, o que representa quase o dobro da população economicamente ativa do país (107,4 milhões), segundo o IBGE.
Segundo Guilherme Longanezi, Engenheiro de Soluções da F5 Brasil, nos últimos cinco anos as aplicações financeiras contam com um perfil muito diferente. Para ele, a maneira com que os aplicativos financeiros atuais são feitos acaba facilitando a aplicação de fraudes. “Isso é uma porta aberta para os criminosos digitais”, afirma Longanezi.
O executivo ainda completa dizendo que existem “gangues digitais”, as quais conseguem furtar dados pessoais e informações sobre pagamentos, assumindo o controle de sites e podendo criar conteúdos e formulários falsos. “A meta é a fraude e a apropriação de contas por parte de criminosos”, afirma.
Longanezi também afirmou que a venda de informações pessoais das vítimas na dark web é um grande problema para os emissores de cartões de crédito. Isso porque muitas vezes esses dados são utilizados para a abertura de novas contas, com a intenção de fraude.
Guilherme Longanezi afirma que é possível evitar as fraudes e ações dos cibercriminosos, podendo diminuir as perdas. Para isso, as empresas de cartão de crédito devem ter mais maturidade com a cibersegurança.
Sendo assim, é necessário construir e manter uma rede mais segura, a qual consiga proteger os dados do titular do cartão de crédito e gerenciar as vulnerabilidades do sistema. “Torna-se essencial monitorar e acompanhar todos os acessos aos dados do titular do cartão, testar regularmente os processos de segurança e manter uma política de segurança da informação”, completa Longanezi.
Segundo o “Data Breach Investigations Report” de 2023 da Verizon, apenas nos Estados Unidos, os dados de cartões foram comprometidos em 37% das fraudes que ocorreram no ano passado.
Segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, mais da metade dos consumidores brasileiros não controlam seus gastos com cartão de crédito. O Serviço de Proteção ao Crédito também participou do levantamento, que apontou que 55% dos consumidores não controlam os gastos mensais com cartão.
Além disso, o estudo demonstrou que 80% dos consumidores que já estão no rotativo do cartão de crédito não possuem conhecimento sobre as taxas de juros que estão sendo cobradas. O crédito rotativo é uma espécie de empréstimo, utilizado quando o cliente não consegue pagar a fatura do cartão, e possui uma das maiores taxas de juros do mercado financeiro.