Fiocruz analisa nova variante do coronavírus encontrada no Amazonas

Mutação foi encontrada em quatro brasileiros durante viagem ao Japão

Análises da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) confirmam que a nova variante do coronavírus encontrada em quatro viajantes brasileiros no Japão tem origem no estado do Amazonas, que decretou calamidade pública por seis meses por conta da pandemia. As mutações encontradas são inéditas e podem indicar uma nova variante brasileira.

Em entrevista ao Jornal da CBN, o vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, disse que ainda é cedo afirmar que a nova variante tenha maior capacidade de transmissão ou letalidade. O pesquisador também lembra da importância de manter as medidas sanitárias e o distanciamento social para reduzir o número de infecções e de possíveis novas mutações do vírus.

“O vírus, seja ele o mutante ou o selvagem, ele não vai passar pela máscara, ele não vai resistir à lavagem das mãos com sabão ou álcool gel. Então, as medidas de distanciamento social e as medidas de utilização de EPI como a máscara e a lavagem das mãos continuam sendo extremamente eficazes. A gente precisa, nesse momento, diminuir a circulação do vírus porque isso vai nos ajudar a desacelerar esse processo de evolução do vírus, e a gente precisa demais da ajuda da população.”, disse Felipe.

Covid-19 causa cenário catastrófico no Amazonas

Das mais de 30 linhagens do coronavírus encontradas em circulação no Brasil, ao menos 11 delas já foram detectadas no Amazonas, que voltou a viver seus piores dias desde o começo da pandemia de Covid-19. Para saber se a aceleração da pandemia no estado é reflexo da nova variante do coronavírus, ainda é preciso fazer mais análises.

“Até tenho comentado com os amigos que a gente está vivendo abril de novo. Abril do ano passado, que foi um coisa assustadora. A gente não conseguia nem dormir direito, virando algumas noites no laboratório para poder fazer diagnóstico. Minha equipe trabalha tanto no diagnóstico quanto no sequenciamento. Então, a gente está muito sobrecarregado. Nossos colegas médicos estão dando depoimentos muito emocionados porque eles estão numa luta ferrenha. Nós chegamos, de novo, num cenário catastrófico.”

Após decretado estado de calamidade pública por seis meses no Amazonas, Manaus, a capital do estado, sofre com a escassez de cilindros de oxigênio, que podem acabar em até quatro dias. O prefeito David Almeida (Avante) disse à rádio CBN que os fornecedores estão com dificuldades de atender a crescente demanda provocada pela aceleração da transmissão do coronavírus na região. Nos primeiros 12 dias do ano, os hospitais públicos de Manaus já receberam mais pacientes que todo o mês de dezembro.