De acordo com o Estadão, o fim do auxílio emergencial pode colocar até 3,4 milhões de brasileiros na extrema pobreza. O programa terminou de ser pago no fim de dezembro de 2020. O índice de extrema pobreza é definido por quem sobrevive com menos de US$ 1,90 por dia. Atualmente, isso significa cerca de R$ 10 por dia. O valor que define a linha da extrema pobreza é definido pelo Banco Mundial.
De acordo com estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e feito pelo especialista em política social Vinícius Botelho, se o índice se confirmar, a extrema pobreza no Brasil em 2021 pode ser maior do que o índice antes da pandemia do novo coronavírus.
Se o cenário se confirmar, serão 17,3 milhões de brasileiros vivendo em situação de extrema pobreza esse ano. A estimativa foi feita pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o número, o Brasil teria o pior patamar de pobreza desde 2012, quando essa pesquisa foi iniciada.
“Se nada for feito, a política social vai continuar com a mesma potência que em 2019, mas em uma realidade completamente diferente. Durante a pandemia, as pessoas perderam a renda do trabalho. Com o auxílio, essa queda foi compensada, mas, como não há alternativa para 2021, podemos cair em uma situação pior do que antes. É como se o Brasil tivesse feito um ‘voo de galinha’ na redução da pobreza”, afirmou Botelho, ex-secretário do Ministério da Cidadania e do Ministério do Desenvolvimento Social.
Entre 2012 e 2019, a taxa de pobreza do Brasil variava de acordo com a atividade econômica. Ou seja, quando o Brasil crescia, a pobreza diminuía e vice-versa. Com o auxílio emergencial, entretanto, a potência da política social aumentou muito. O programa pagou cinco parcelas de R$ 600 aos beneficiários, com possibilidade de mais quatro parcelas de R$ 300 de prorrogação.