Uma pesquisa publicada pela revista científica Nature aponta que o pagamento de auxílios para vulneráveis na pandemia pode ser mais importante do que se imaginava. É que o estudo observou que quanto maior e melhor o benefício pago pelo estado, mais protegida essa parcela mais pobre do país se protege da Covid-19.
A pesquisa mostra que ao pagar valores mais altos do programa, as pessoas se sentem menos obrigadas a saírem de casa para procurarem emprego. A partir daí eles não se aglomeram e acabam com menos chances de se contaminarem pela Covid-19. O resultado é portanto uma diminuição no número de infecções e mortes.
Hoje, o Governo Federal paga um Auxílio Emergencial no Brasil para cerca de 37 milhões de pessoas. Esse é um patamar menor do que aquele que se viu no ano passado. De acordo com dados do próprio Ministério da Cidadania, cerca de 70 milhões de brasileiros chegaram a receber, pelo menos, uma parcela do benefício em 2020.
Outro ponto importante em toda essa discussão é a questão dos valores do projeto. No ano passado, ainda de acordo com o Ministério da Cidadania, o patamar de pagamento do programa chegou a ser de R$ 1200 para alguns grupos. Hoje, o máximo que o Governo Federal está pagando é um montante de R$ 375 por mês.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), uma cesta básica nas principais cidades do país costuma custar em média muito mais do que o valor máximo do Auxílio Emergencial. Pelo menos é isso o que os últimos dados estão dizendo.
Em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, o preço médio de uma cesta básica costuma ultrapassar a marca dos R$ 600 com uma certa facilidade. Uma parcela do Auxílio não é suficiente para comprar isso.
Além disso, nem se está colocando na conta o dinheiro que é necessário para pagar as cobranças de água e luz. Adicione aí pagamentos importantes como aluguel. O preço do botijão de gás e do material de limpeza também está subindo no Brasil.
Em entrevistas recentes, o Presidente Jair Bolsonaro está afirmando que reconhece que os valores do Auxílio Emergencial são baixos. De acordo com o chefe do executivo, os pagamentos não são de fato suficientes para viver com qualidade no Brasil.
O Presidente, no entanto, afirma que defende que o valor do Auxílio Emergencial funcione como um adicional de pagamento e não como uma renda completa. De acordo com ele, os trabalhadores precisariam unir essa renda com outras.
E aí isso esbarraria em toda essa questão da pesquisa da Revista Nature. É que mesmo pagando o benefício, o próprio Governo assume que as pessoas precisam sair para trabalhar para ganhar mais dinheiro. E isso inclui mais aglomerações, e mais risco de contaminações pela Covid-19.
De acordo com as informações oficiais, o Brasil registra até este momento mais de 563 mil mortes por causa da Covid-19. O número é soma de todos os óbitos registrados desde a chegada da pandemia em solo nacional ainda no ano passado.