Mais da metade (56%) dos executivos líderes globais do setor de semicondutores (fabricantes de chips eletrônicos) acreditam que a atual escassez de chips persistirá até 2023. Outros 42% acham que ela terminará em 2022. Essa é uma das conclusões da 17ª edição anual da pesquisa “Perspectivas do setor global de semicondutores”, conduzida por KPMG e Global Semiconductor Alliance (GSA) com 152 executivos líderes da indústria de semicondutores.
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Em relação às expectativas detalhadas para o fim da escassez de semicondutores, os respondentes indicaram os seguintes períodos: início de 2022 (3%), meados de 2022 (13%), final de 2022 (26%), início de 2023 (21%), meados de 2023 (22%), final de 2023 (13%), outros (3%). A expectativa da KPMG é que a normalização no fornecimento de chips deve ser ocorrer até o final do ano que vem.
A crise de semicondutores é um problema porque eles são a base de todo produto minimamente eletrônico. A KPMG chega a afirmar que os chips eletrônicos são a base do mundo moderno e representam o componente mais importante da economia global conectada, ou seja, os problemas decorrentes da sua escassez têm impactos diferentes em cada tecnologia, mercado, setor, país e no ecossistema em geral.
Apesar dos desafios persistentes na cadeia de suprimentos, a confiança financeira e operacional dos executivos do setor de semicondutores atingiu um recorde histórico. Quase todos (95%) acreditam que a receita de suas empresas crescerá no próximo ano, com 34% esperando crescimento superior a 20%. A expectativa é que o setor de semicondutores gere receitas recordes de mais de US$ 600 bilhões em 2022.
Além disso, quase 90% deles acreditam que sua força de trabalho global crescerá em 2022, aumento de quase 40% em relação às perspectivas do ano passado. Em relação às principais prioridades estratégicas dessas empresas nos próximos três anos, os executivos respondentes da pesquisa indicaram três: desenvolvimento e retenção de talentos; flexibilidade da cadeia de suprimentos; fusões e aquisições.
Eles esperam que os três principais fatores para o crescimento das empresas de semicondutores e geração de receita no próximo ano sejam: comunicações sem fio, incluindo infraestrutura 5G, smartphones e outros dispositivos móveis; setor automotivo; e Internet das Coisas (IoT). Embora as pressões de curto prazo continuem, a KPMG estima que o mercado de semicondutores automotivos atingirá mais de US$ 200 bilhões nas próximas duas décadas.
De acordo com a pesquisa, quando questionados sobre o impacto de vários gigantes tecnológicos investindo ainda mais nas suas próprias capacidades de silício, os entrevistados citaram os talentos atraídos por esses gigantes como sua principal preocupação. No entanto, de maneira geral, apenas 19% dos entrevistados enxergam os desenvolvedores de chips não tradicionais surgindo como sérias ameaças competitivas.
A escassez de chips eletrônicos começou junto com a pandemia de covid-19, que obrigou a parada de produção de semicondutores por causa do isolamento social. Com a produção parada e o aumento da necessidade de computadores para permitir o trabalho ou o estudo remoto, o preço dos componentes eletrônicos subiu e inflacionou o mercado.
O problema persiste até hoje devido a demanda alta por semicondutores. Praticamente todos os produtos eletrônicos contam com algum chip internamente. A indústria de automóveis, por exemplo, deve perder US$ 20 bilhões em 2021 por não ser capaz de produzir carros.
Conforme explica a consultoria Deloitte, a duração da escassez de chips se resume a um aumento significativo na demanda, impulsionado pela transformação digital e acelerado pela pandemia. Não é apenas a proliferação de dispositivos de consumo, é o fato de que muitos produtos mecânicos na indústria estão se tornando cada vez mais digitais e muitos setores verticais estão se tornando mais dependentes da digitalização.
Outro motivo foi a falta de água – insumo muito necessário para a produção de chips – na fábrica de uma das principais fornecedoras do setor, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Corp. Segundo a Você S/A, um incêndio em uma fábrica de semicondutores no Japão também afetou a entrega de semicondutores no ano passado.