O fim do Auxílio Emergencial em dezembro do ano passado teve impacto na vida de milhões de pessoas que recebiam esse dinheiro. Mas se engana quem pensa que o impacto aconteceu só na vida dessas pessoas. Pouca gente sabe, mas o ensino superior também sofreu com essa realidade.
Pelo menos é isso o que mostram os dados da pesquisa ‘Observatório da educação superior – análise dos desafios para 2021’. Trata-se portanto de uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABNS) e da Educa Insights.
De acordo com os dados da pesquisa, cerca de 56% dos alunos do ensino médio não querem entrar na universidade agora. Nós estamos falando portanto da maioria dos estudantes que estão aptos a entrar no ensino superior neste momento.
Segundo os pesquisadores, essa queda de interesse acontece por causa do fim do Auxílio Emergencial. Eles chegaram nesta conclusão porque analisaram que quando estavam recebendo o Auxílio, a animação com o curso superior era maior entre esses jovens.
A pesquisa ouviu 1112 alunos que estão aptos a entrar em universidades do país. Deste montante, cerca de 66% confirmou que chegou a receber pelo menos uma parcela do Auxílio Emergencial no ano passado. Mas, como todo mundo, eles deixaram de receber em dezembro.
Os pesquisadores explicam ainda que a maior queda de interesse tem registro nas camadas mais pobres. Dessa forma, dá para dizer que não é que os estudantes estejam menos animados com a possibilidade de entrar na faculdade. É que eles estão vendo que a situação financeira não é boa.
Em entrevistas, pesquisadores disseram que esse resultado preocupa de muitas formas. É que se os estudantes não querem entrar na universidade agora, isso certamente vai ter um impacto no futuro do mercado de trabalho. O Brasil pode experimentar carências em algumas áreas.
Aliás, os próprios especialistas afirmam que isso já acontece de alguma forma no Brasil. De acordo com eles, a falta de profissionais de saúde em diversas áreas do país reflete um pouco dessa falta de investimento no mundo acadêmico na área nos anos anteriores.
Além de tudo isso, ainda há um problema com a questão do trabalho formal. É que se esses estudantes não estão entrando na universidade, então é natural que eles se aproximem mais do mundo do trabalho informal, que é normalmente um mundo com menos direitos.
Tudo isso pode acontecer justamente por causa desses três meses que o país passou sem Auxílio Emergencial. Vale lembrar que o Governo Federal parou os pagamentos em dezembro. Assim, o país ficou sem auxílio nos meses de janeiro, fevereiro e março.
Agora o país está pagando mais quatro parcelas de um auxílio novo. De acordo com informações do próprio Palácio do Planalto, são quatro parcelas de valores que variam entre R$ 150 e R$ 375, de pessoa para pessoa. Os pagamentos, aliás, já começaram na última terça-feira (6).