O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que o gasto da União para continuar com o auxílio emergencial por mais dois meses ultrapassaria R$ 99 bilhões, o que exigiria um corte de salários de todos os servidores federais para fazer frente à despesa.
O presidente Jair Bolsonaro ventilou a ideia de que parlamentares cortassem salários para manter o benefício. Rodrigo Maia disse que o custo da medida seria superior ao eventual corte nos contracheques de deputados e senadores.
Ainda, o presidente da Casa informou que, para que a conta se aproximasse do valor necessário para cobrir o pagamento do auxílio emergencial, seria necessária uma proposta com apoio de todos, inclusive do ministro da Economia Paulo Guedes e do Judiciário, para que salários acima de R$ 15 mil, por exemplo, fossem cortados.
“O que eu disse foi que, se essa é a proposta dele, deveria vir com o apoio de todos os servidores federais. Do Executivo, do presidente, dos seus ministros. Dos servidores todos, que ganham acima de um determinado valor, R$ 10 ou R$ 15mil, e todos aqueles que não estejam diretamente envolvidos no enfrentamento ao coronavírus, como profissionais da área da saúde, entre outros”, disse Maia em entrevista à Rádio Gaúcha.
Na manhã da última terça-feira (9), Bolsonaro disse que manteria o auxílio emergencial por mais dois meses caso deputados e senadores aceitassem reduzir seus salários.
No entanto, Maia salientou que a proposta apenas para deputados e senadores não seria o bastante, sendo que os salários dos congressistas somam, durante o ano, cerca de R$ 220 milhões.
Mesmo havendo a redução total, o que não está em debate, faltariam ainda mais de R$ 99 bilhões, já que o pagamento do benefício custará cerca de R$ 100 bilhões.
“Não vejo isso como opção, porque o ministro Paulo Guedes já disse que não há essa necessidade, o poder Judiciário tem muita dificuldade nesse assunto, e parte da Câmara também tem essa dificuldade. Então, se o presidente quiser fazer essa proposta, tem que fazer reunindo os Poderes em uma mesa, sentar e organizar”, afirmou Rodrigo Maia.