De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entre os anos de 2011 e 2021, houve um crescimento de 474% em cursos superiores de graduação à distância (Ead). A entrada de alunos em ensinos presenciais caiu cerca de 23,4%.
O estudo apontou que no início da década passada os cursos à distância correspondiam a 18,4% do total. No ano passado, o índice estava em 62,8%. Estas informações apontam um grande desenvolvimento do ensino feito remotamente no Brasil, indicando uma grande expansão do setor.
Os dados apresentados na pesquisa relacionada, fazem parte do Censo de Educação Superior 2021. Eles foram divulgados na última sexta-feira (04/11) pelo Inep e pelo Ministério da Educação (MEC). O instituto fez a coordenação do levantamento das informações no período de 2020 a 2021.
De acordo com o estudo, o crescimento no número de estudantes em cursos de ensino a distância teve como causa a maior oferta de serviços de Ead, na rede privada. No período do estudo, houve um aumento expressivo para a modalidade, de cerca de 23,3%, sendo que o ensino presencial teve uma queda de 16,5%.
Os dados apresentados pelo Inep mostram que o setor de ensino à distância vem apresentando um alto crescimento nos últimos anos. Na rede privada, 70,5% dos estudantes em 2021 fizeram suas graduações de maneira remota. Segundo o Inep, a pesquisa comprova que há uma tendência de aumento do Ead ao longo do tempo, principalmente nas redes privadas.
De acordo com o diretor da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Vandir Cassiano, de 2017 para cá houve um crescimento bastante expressivo, principalmente por conta da pandemia que fez com que a modalidade de ensino a distância tivesse um grande desenvolvimento.
Ele expressou uma preocupação acerca da necessidade de se garantir uma maior qualidade destes cursos Ead, visto que nos últimos dois anos houve um crescimento absurdo na quantidade de serviços oferecidos remotamente. Para Cassiano, é um caminho sem volta, já sedimentado.
O diretor explicou que existe uma grande variação de preços apresentados no mercado, com várias instituições oferecendo serviços diferenciados. Ele questiona se estes cursos oferecem uma formação adequada, principalmente em relação ao mercado de trabalho, sendo necessário uma verificação destes Eads.
Segundo o Censo de 2021 2.574 novas instituições de ensino à distância foram registradas, cerca de 2.261 privadas e 313 públicas. Ou seja, as organizações privadas no período disponibilizaram 96,4% das vagas. O número de matrículas durante o período que a pesquisa foi feita chegou a 8.987.120.
Houve uma concentração de 76,9% das matrículas em instituições privadas, cerca de 23% foi relativa a escolas públicas. Entre 2011 e 2021 o número de estudantes matriculados no ensino superior teve um crescimento de 32,8% no período, o que dá uma estimativa de uma alta de 2,9% ao ano.
O Inep afirma que durante a pesquisa, a expansão do Ead ficou em evidência, sendo que no ano de 2021 houve mais de 3,7 milhões de alunos matriculados em cursos remotos. São cerca de 41,4% do total, visto que na série histórica, nos últimos dez anos, a alta foi de 274,3% de alunos matriculados.
Em relação aos cursos de licenciatura presenciais, houve uma queda nos últimos dois anos de 12,8%. Cerca de 61% dos estudantes optaram pelo Ead. De acordo com o presidente do Inep, Carlos Moreno, “O futuro professor, que vai atuar na educação básica no Brasil, vai ter passado por uma formação à distância. Então, esse é um ponto muito importante para que se analise a adequação dessa estratégia”.
Moreno afirma que no caso da formação dos docentes, o ensino à distância pode ser bastante eficiente. Isso se o profissional já possuir uma formação inicial e tiver experiência no setor. Ele afirma que a expansão do Ead é positiva, já que aumentou o número de alunos em cursos de graduação e que é possível estudar a partir de qualquer região do país.