Quem já prestou algum vestibular ou concurso público sabe que, por mais que você tenha estudado muito, é comum encontrar uma questão ou outra que você não faça a mínima ideia da resposta. O que fazer se isso acontecer no Enem? Chutar uma alternativa é uma boa opção?
A resposta é não. Segundo especialistas, o Exame Nacional do Ensino Médio conta com um método de correção de prova, conhecido como Teoria da Resposta ao Item (TRI). Este sistema é programado para dar uma nota menor para os candidatos que chutam as respostas.
Mas como isso é possível? Vamos imaginar o seguinte exemplo: um atleta olímpico consegue saltar 6 metros em uma prova de salto com vara. Logo, o sistema vai entender que, se ele foi capaz de saltar 6 metros, ele pode saltar 5 metros.
O mesmo acontece com o TRI, que indica que se o estudante foi capaz de acertar uma questão com nível de dificuldade maior sobre um determinado assunto, em tese ele poderia acertar a questão mais simples também.
Em resumo, a nota final do candidato não é simplesmente a soma do número absoluto de acertos. O método de correção vai priorizar o desempenho que for coerente com aquele determinado aluno.
Vale lembrar que dentro de cada área, o Enem aplica questões de diferentes graus de dificuldades. Parte delas são fáceis, médias e difíceis. Quando se aplica o exame, o que se espera é que o aluno tenha um maior percentual de acerto das questões fáceis, e uma menor média de acerto das questões difíceis.
Agora imagine que você não estudou nada e vai apenas chutar todas as questões. Neste caso, é provável que o seu desempenho não tenha esta lógica. É possível, por exemplo, que você acerte mais as questões difíceis, o que faria o sistema desconfiar do seu desempenho.
Imagine, por exemplo, que o candidato acertou todas as 15 questões mais complexas de matemática, e errou todas as 15 mais fáceis desta mesma área. Neste caso, o sistema de correção vai considerar que estes acertos foram “ao acaso”, ou “no chute”. Assim, ele vai atribuir uma nota menor ao cidadão.
Isso explica porque dois alunos que acertam a mesma quantidade de questões do Enem podem ter notas diferentes ao final do exame. Provavelmente, esta diferenciação foi dada pelo sistema automatizado de correção.
“Um caso real: com 17 acertos, a pontuação variou de 350 a 700 pontos, segundo os microdados do Enem. É um exemplo extremo, mas que deixa claro como a TRI é decisiva principalmente com números baixos de acerto”, afirma Edmilson Motta, coordenador geral do Grupo Etapa.
Em tese, não há nada que impeça um aluno de deixar uma questão em branco no Enem. Mas os especialistas são fortemente contra esta possibilidade. Mesmo que você não faça ideia de como resolver uma determinada pergunta, é aconselhável pensar mais um pouco para tentar achar uma resposta que seja minimamente coerente.
O fato é que deixar uma questão em branco é uma opção ainda pior do que chutar esta questão. “O aluno com desempenho incoerente, que errou as fáceis e acertou as difíceis, vai ganhar menos pontos. Mas não vai deixar de ganhar nota. Não preencher o gabarito não é uma boa estratégia”, diz Vicente Delorme, diretor de planejamento do Colégio pH (RJ).
“Uma boa alternativa é fazer um pouco de cada prova, ainda com a cabeça fresca. Depois, reservar uma parte do tempo para resolver as mais trabalhosas”, diz Edmilson Motta, coordenador geral do Grupo Etapa.
“Pode ser 1h30 para uma prova, 1h30 para a outra. Quando aparecer alguma questão difícil, é só pular e voltar para ela depois. Assim, dá para aumentar a chance de acertar as fáceis”, completa ele.