Economia

ENDIVIDAMENTO atinge 78% das famílias brasileiras em janeiro

O número de famílias endividadas no Brasil continua muito alto. Em janeiro de 2023, o endividamento atingiu 78% das famílias, mantendo-se no mesmo patamar de dezembro do ano passado.

Aliás, o país encerrou 2022 com o maior percentual de brasileiros endividados já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Em outras palavras, a situação financeira das famílias do nunca se mostrou tão crítica quanto no ano passado.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, o endividamento vem perdendo força no país nos últimos meses. Ainda assim, o patamar segue muito elevado, refletindo as dificuldades dos brasileiros em honrar os seus compromissos.

Confira abaixo as taxas de endividamento dos brasileiros nos últimos meses:

  • Outubro de 2022: 79,3%
  • Novembro de 2022: 79,2%
  • Dezembro de 2022: 78,0%
  • Janeiro de 2023: 78,0%

Os dados acima mostram que o endividamento recuou mais significativamente em dezembro do ano passado. No entanto, em janeiro deste ano, a taxa continuou estável.

Vale destacar que o percentual de endividamento cresceu fortemente nos dois últimos anos, refletindo o impacto da pandemia da covid-19, que pressionou o Banco Central (BC) e aumentar os juros no país. Estes fatores reduziram o poder de compra do consumidor, com alta dos gastos e queda da renda.

Entre março de 2021 e agosto de 2022, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic. Com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, maior percentual desde novembro 2016.

Ao mesmo tempo, a inflação elevada fez os brasileiros aumentarem seu endividamento, uma vez que o mercado de trabalho ainda se recuperava dos impactos da pandemia. Em meio a tudo isso, o percentual de famílias endividadas continuou muito alto no país.

Endividamento é maior entre os maios pobres

Segundo a Peic, os consumidores que tiveram as maiores taxas de endividamento em janeiro foram os de renda mais baixa. Por outro lado, os consumidores com o rendimento mais elevado tiveram percentuais um pouco menores no mês.

Confira abaixo os percentuais de endividamento por faixa de renda em janeiro:

  • Renda de 0 a 3 salários mínimos: 79,2%
  • Renda de 3 a 5 salários mínimos: 78,8%
  • Renda de 5 a 10 salários mínimos: 77,2%
  • Renda superior a 10 salários mínimos: 74,4%

Vale destacar que, em dezembro do ano passado, a segunda faixa de renda (de 3 a 5 salários mínimos) teve o maior percentual de endividados (79,4%), superando a taxa da primeira faixa de renda (de 0 a 3 salários mínimos), que ficou em 78,9%

Aliás, esses dados são uma novidade da Peic, que começou a apresentar novos recortes. Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “esse é um avanço significativo na compreensão do cenário econômico proporcionado pela pesquisa, para que os empresários do setor terciário possam planejar seus empreendimentos com eficiência”.

A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, revelou que o endividamento se manteve estável em janeiro, sem crescer no país, graças a diversos fatores.

“O cenário econômico como um todo, incluindo o desempenho positivo do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a inflação mais moderada são fatores que explicam o freio no endividamento, nos últimos meses”, explicou Izis. “Na prática, essas três condições ampliaram a renda disponível”, acrescentou.

Inadimplência continua muito elevada

Assim como o endividamento, o número de famílias inadimplentes também se manteve em nível bastante elevado em janeiro. De acordo com a Peic, três em cada dez famílias estava com dívidas atrasadas no país.

A saber, a taxa passou de 30,0%, em dezembro, para 29,9%, em janeiro. Embora tenha recuado levemente no mês, a taxa superou o percentual registrado em janeiro de 2022, quando as dívidas atrasadas chegaram a 26,4%.

Em resumo, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. A propósito, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.

A Peic ainda revelou que 11,6% das pessoas não terão condições de pagar as dívidas que têm em atraso. Esse percentual superaram tanto a taxa registrada no mês anterior (11,3%), quanto em janeiro do ano passado (10,1%), refletindo as dificuldades financeiras dos brasileiros.

Por isso, para fugir disso e não se tornar apenas um número em pesquisas semelhantes a essa, fique atento à sua situação financeira e faça dívidas apenas se for necessário.