Segundo dados do projeto ‘UTIs Brasileiras’, em um ano de Covid-19 no Brasil, 2 a cada 3 doentes intubados em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) não resistiram e morreram. O levantamento do projeto da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) em parceria com a empresa Epimed analisou dados 98 mil internações desde 1º de março de 2020
Durante o período estudado, dos 46,3% pacientes que precisaram de ventilação mecânica nas UTIs, 66,3% morreram.
A intubação é utilizada quando o nível de comprometimento dos pulmões do paciente é alto, necessitando de auxílio mecânico para respiração.
A causa dos óbitos, no entanto, não está associada ao processo de intubação, mas sim à gravidade da Covid-19. Prova disso é que até mesmo pacientes menos graves que não necessitam de ventilação mecânica tem taxa de mortalidade de 9% nas UTIs do Brasil.
“É preciso evitar esse mal-entendimento. Algumas pessoas começaram a achar: ‘Se eu for intubado, vou morrer’. Aí aconteceram alguns absurdos de pessoas não irem para o hospital e morrerem em casa. Os pacientes precisam entender que, em casos graves, a única maneira dele não morrer é essa. Sem isso, a chance de morte é de 100%”, disse ao portal UOL Ederlon Rezende, coordenador do projeto e ex-presidente da Amib.
“Quando feita da forma correta, o paciente não sente absolutamente nada. A despeito de não ter nenhuma droga que ataque o vírus, a chance de ele sobreviver passa por mantermos sua respiração enquanto o corpo combate a infecção.”, completa Ederlon Rezende, coordenador do projeto “UTIs Brasileiras”.
No primeiro ano da pandemia de Covid-19 no Brasil, a mortalidade de pacientes com Covid-19 foi de 27,2% em UTIs de hospitais privados. Já nos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) a taxa chegou a 49,4%.
“Temos que destacar vários fatores para isso. O primeiro é que os pacientes que procuram o serviço público, habitualmente, têm um acesso limitado à atenção primária, são pacientes com mais comorbidades, que têm uma condição mais debilitada de quem usa o serviço privado. E, como a disponibilidade de leitos é muito maior na rede privada do que na pública, você vai receber pacientes menos graves. Além disso, é muito difícil encontrar uma UTI privada colapsada”, explica Rezende.