A elipse é uma figura de linguagem que ocorre com a omissão de um termo que pode ser subentendido no texto. A expressão omitida não interfere na compreensão da mensagem e mesmo sem está explícita ela pode ser percebida como parte da oração.
Geralmente, nas construções elípticas, as palavras omitidas não foram citadas no texto anteriormente, mesmo assim não torna a mensagem incompreensível. Ela pode ocorrer de maneira diversificada, eliminando a colocação de verbos, conjunções, pronomes, preposições, de modo que, mesmo não estando mãos explícito, ainda poderá ser entendido.
A elipse está categorizada nas figuras de linguagem como figura de construção, a qual tem como principal objetivo conferir maior expressividade ao significado de um texto. Por isso, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade conferida ao sentido.
O termo elipse vem do grego elleipsis, e quer dizer “defeito”, “falta”. A palavra possui também o significado de “não alcançar, deixar de fora”. O termo foi usado nos primeiros estudos de astronomia. Na ocasião, os cientistas acreditavam que as órbitas dos planetas eram circulares.
Como os cálculos feitos a partir desse pressuposto de que as órbitas eram circulares não batiam, elas foram chamadas de elleipsis. Nesse casos, o termo significa algo que se aproxima de um círculo, apesar de não atingir a forma circular perfeita.
Na atualidade, além de ser utilizado para se referir órbitas planetárias, o termo elipse é um tipo de gráfico matemático, e também é empregado na gramática para se referir a uma figura de linguagem.
No uso atribuído na língua portuguesa, o termo possui o significado etimológico de origem grega, que significa “falta”.
Classificada como figura de construção e sintaxe, a elipse é um dos recursos estilísticos que carregam alguma particularidades que permite distingui-los dos demais. Entre as suas características estão:
Além da elipse, as figuras de construção mais utilizadas são o Hipérbato e o Pleonasmo. A elipse rompe com a estrutura convencional da sequência de uma oração: sujeito – predicado – complemento. Quando isso acontece, há uma reconstrução da sentença devido à omissão de um destes elementos.
A ocorrência da elipse é muito importante para evitar a repetição massiva de uma ou mais palavras, além cumprir a função constante de promover a coesão textual, evitando que certos vocábulos apareçam seguidamente.
A elipse é uma figura de linguagem que possui em sua estrutura gramatical caracterizada por omitir uma determinada situação dentro do texto. Ela pode ainda usar uma palavra ou uma expressão de omissão dentro da frase..
Assim como a elipse, a zeugma é uma figura de sintaxe. A zeugma se caracteriza pela omissão de termos da oração sem que se prejudique o entendimento da mesma, uma vez que essa omissão ocorre em uma palavra que já foi citada antes.
Com base no contexto e através dos demais elementos gramaticais da oração, é possível perceber que fica claramente subentendida a repetição do termo referido anteriormente.
Embora os dois estilos linguísticos possuam a mesma característica, há uma diferença entre eles. Essa diferença reside na identificação do termo frasal. Enquanto na elipse o termo pode ser identificado pelo texto ou pela gramática, sem ter sido mencionado antes, no zeugma os termos suprimidos já foram mencionados.
Alguns gramáticos consideram o zeugma uma forma de elipse, mas é importante ressaltar que elipse é a figura que omite um termo não citado na oração. Já a zeugma é a omissão de um elemento que já está expresso na sentença.
Nunca fui a Portugal!
Nesse exemplo há ausência do pronome “eu” que está apenas implícito na frase, nesse caso há elipse.
Eu gosto muito de Portugal, quero visitar o país.
Embora nesse exemplo também tenha uma omissão do pronome “eu”, nessa frase ele já havia sido mencionado. Logo trata-se de zeugma.
Ex.: Roberto gosta de filmes, Simone de novelas.
Observe a omissão do verbo “gostar”, que já foi mencionado no texto.
Ex.: Eu prefiro estudar à noite, ele à tarde.
Nesse caso há a omissão do verbo “preferir”.
Ex.: “Meu irmão joga vôlei, você tênis.”
Note que o verbo “jogar”, já mencionado foi omitido na segunda parte da frase.
Ex.: No auditório, apenas nove ou dez pessoas.
Essa sentença demonstra a omissão de uma parte do texto, deixando subentendido que no auditório poderia ter apenas nove ou cinco dez pessoas. Nesse caso, a ligação é o verbo “haver” que fui suprimido no texto sem prejudicar o entendimento da sentença.
Ex.: A festa talvez fosse boa, não houvesse briga.
Nessa sentença há uma situação de ausência da conjunção “se”. Nesse caso, apesar de compreensível seria importante no uso da conjunção para um entendimento melhor a frase.
Ex.: Sobre minha mesa, apenas livros e papéis.
Na frase acima, há um mais um exemplo da ausência de verbo “haver”. Nesse caso, o verbo fica oculto.
Ex.: Andei cerca de 200 metros até chegar em casa.
Nesse caso existe a omissão do pronome “eu”. Caso ele não tivesse sido ocultado, a frase a seguinte: Eu andei cerca de 200 metros até chegar em casa.
Também conhecidas como figuras de estilo, as figuras de linguagem são recursos linguísticos usados na linguagem oral e escrita que ressaltam a expressividade da mensagem transmitida.
A língua portuguesa dispõe de diversas figuras de linguagem. Algumas são mais utilizadas na linguagem oral, outras na linguagem escrita. Elas são classificadas em: figuras de palavra, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de som.
Figuras de palavras: alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação ou símile, metáfora, metonímia, sinédoque, sinestesia.
Figuras de construção: anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância.
Figuras de pensamento: antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oxímoro, prosopopeia ou personificação.
Figuras de som: aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia.