Em todas as regiões do Brasil, nas escolas públicas e privadas, a pandemia do novo coronavírus teve um forte impacto no aprendizado de crianças de todas as faixas etárias.
Na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental, esse impacto é ainda mais grave, visto que o afastamento do ambiente escolar prejudicou alunos que estavam começando a ter contato com letras e números.
Portanto, a criatividade dos educadores tem sido indispensável para mitigar os efeitos negativos do distanciamento social.
Buscando reconhecer esse esforço, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal criou o Prêmio Educação Infantil: boas práticas de professores durante a pandemia.
A gerente de Relações Institucionais e Governamentais da fundação, Beatriz Abuchaim, disse que a premiação recebeu mais de 700 inscrições.
Os critérios usados para selecionar os projetos foram a ludicidade e a capacidade de estimular o relacionamento entre a escola e a família.
Segundo a gerente: “As crianças não pararam de aprender durante a pandemia. Então, essas atividades desenvolvidas pelos professores foram muito importantes. Muitos deles conseguiram trabalhar de outras formas e até conhecer melhor as realidades de seus alunos”.
Algumas práticas criadas no período chamam a atenção por incentivarem as crianças a liberar a imaginação e, ao mesmo tempo, manter-se em contato constante com seus familiares.
Em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, a Escola Municipal de Educação Infantil Profª Mercedes Nelly Gardey Sanchez resolveu apostar em contos lidos por professores e enviados pelo Whatsapp aos alunos.
Além de ouvir as histórias, as crianças também são estimuladas a realizar atividades pedagógicas relacionadas ao que ouviram.
Mesmo que as soluções individuais sejam primordiais, também é preciso buscar formas mais abrangentes de lidar com o problema.
Uma das criações que surgiu de alternativa mesmo antes da pandemia Sistema de Ensino Aprende Brasil, que atende a rede pública de ensino de mais de 200 municípios.
Na plataforma em que o estudante percorre uma sequência didática, ele tem a orientação dos professores, para fortalecer o aprendizado.
Segundo o coordenador de conteúdo digital do Aprende Brasil, Cassiano Novacki, a novidade é uma das ferramentas adotadas para contribuir com os educadores.
“Temos visto professores de todo o país se esforçando para que seus alunos tirem o máximo proveito dos conteúdos. O Aprende Brasil Digital é um complemento a toda essa dedicação. Ali, os professores encontram recursos para acompanhar individualmente cada aluno em sua trajetória de aprendizagem”, disse.
Para o pesquisador e professor de pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ítalo Curcio, é preciso olhar com maior cuidado para crianças e jovens que não tiveram acesso a essas vivências múltiplas de aprendizado.
“Temos pelo menos dois grupos na nossa sociedade: o que tem acesso à tecnologia e o que não tem. Ainda não há um modelo completo que venha a suprir a demanda desse segundo grupo. Nossa expectativa, como educadores, é de que, com o passar do tempo, essa defasagem seja atenuada”, afirma.
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