De acordo com informações obtidas em pesquisas realizadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor energético do país, relacionado ao hidrogênio verde, possui uma enorme capacidade de produção e de competitividade. A sua utilização seria uma alternativa para uma economia baseada em baixo carbono.
A sustentabilidade tem sido a palavra de ordem em todo o mundo, numa procura pela utilização de matérias primas e recursos naturais renováveis e não poluidores. Ademais, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA), desde 2000, foram registrados 990 projetos utilizando o hidrogênio em todo o planeta.
A princípio, o estudo aponta que, neste período, pelo menos 67 países apresentaram iniciativas relacionadas ao chamado hidrogênio verde. O Brasil contou com quatro concepções. O Hydrogen Council, um grupo de 132 empresas que atuam no setor, estima que os projetos sustentáveis, realizados a partir de 2021, podem render até US $500 bilhões em 2030.
Todavia, a pesquisa realizada pelo grupo, procurou avaliar a utilização do hidrogênio verde, sustentável, em suas oportunidades e desafios. Ela se baseou na procura por uma economia de baixo carbono, de olho em uma produção energética ecológica e com grandes perspectivas econômicas, além de poluir menos o ambiente.
O hidrogênio verde é também chamado de o combustível do futuro. Em síntese, ele é pensado como uma matriz energética de alto potencial, capaz de auxiliar a indústria na transição da utilização de carbono para outros elementos químicos, que agridam menos o meio ambiente.
Para se produzir o hidrogênio verde, deve-se realizar uma eletrólise (reação química de oxirredução) da água. Para tal, pode-se utilizar energia eólica ou solar. Aliás, o processo químico permite a quebra das moléculas da água em hidrogênio e oxigênio, sem a liberação de CO2 na atmosfera.
Um estudo realizado pela CNI indica que os setores industriais de refino e fertilizantes do país, já possuem um grande potencial para utilizar de imediato o hidrogênio verde, descarbonizando sua produção industrial. Desse modo, no curto e médio prazo, entre três a cinco anos, a siderurgia, metalurgia, cerâmica, entre outros, devem seguir o mesmo caminho.
De acordo com Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, o hidrogênio sustentável pode ser uma alternativa acessível para vários países, inclusive para o Brasil. O país pode ser altamente competitivo na área, podendo utilizar o produto químico para um maior desenvolvimento econômico.
Bomtempo afirma que o hidrogênio verde deverá receber uma grande quantidade de investimentos no futuro próximo, gerando renda, emprego, desenvolvendo as regiões onde será produzido. Para ele, o Brasil será um dos grandes “players”, nesta transição energética para o baixo carbono.
Atualmente, há uma preocupação mundial para eliminar ou reduzir as emissões de gases que produzem o chamado efeito estufa. Uma das soluções para o problema é a criação de novas tecnologias orientadas para o hidrogênio. Isso se deve ao fato de que quando se utiliza o químico como combustível, há uma anulação do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Há uma proposta mundial de descarbonizar completamente o planeta até o ano de 2050. A utilização do hidrogênio tradicional é responsável por 2% das emissões de carbono do mundo. Segundo a Agência Internacional de Energia, haverá um aumento da demanda global por energia entre 25% a 40% até 2040.
Decerto, a utilização de carvão e petróleo, poderia gerar o agravamento das mudanças climáticas. Ao buscar uma descarbonização do planeta, haverá uma maior acessibilidade a matrizes energéticas limpas eficientes e sustentáveis, como por exemplo, o hidrogênio verde.
O combustível baseado no hidrogênio sustentável é universal, leve e bastante reativo. Como a produção de energia é feita a partir de fontes renováveis, ela não polui a atmosfera. De acordo com a IEA a produção verde pouparia os 830 milhões de toneladas de CO2 emitidas anualmente, ao se utilizar combustíveis fósseis na produção do hidrogênio tradicional.
Contudo, deve-se observar que há dúvidas sobre a viabilidade da produção de hidrogênio verde devido ao seu alto custo. Por outro lado, o advento de novas tecnologias e uma busca global pela descarbonização do planeta, devem baratear os custos, visto que haverá um grande investimento das economias globais, em busca de uma maior sustentabilidade. O Brasil tem um papel de destaque neste setor.