Economia

Economia brasileira cresce 0,2% no 2º trimestre, diz Monitor do PIB-FGV

economia brasileira registrou um leve crescimento no segundo trimestre de 2023. Após iniciar o ano com um avanço mais robusto, de 1,6% no primeiro trimestre, a atividade econômica do país desacelerou fortemente no segundo trimestre e teve alta de apenas 0,2%.

Apesar de fraco, o resultado positivo é melhor que qualquer retração. Aliás, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil não teve um resultado positivo apenas na base trimestral. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a economia do país cresceu 2,6%, taxa bem mais expressiva que a trimestral.

Cabe salientar que, em 2022, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em relação a 2021. Isso aconteceu por causa da fraca base comparativa, uma vez que o país ainda sofria com os impactos provocados pela pandemia da covid-19 em 2021.

Por falar nisso, a economia global sofreu uma grande recessão em 2020, ano da pandemia de Covid-19. No ano seguinte, as nações registraram resultados bastante positivos devido à fraca base comparativa.

No Brasil, o crescimento não ocorreu apenas em 2021, mas também em 2022. Para 2023, a expectativa também é de avanço do PIB, mas o resultado deverá ser um pouco mais tímido que o do ano passado.

A propósito, os dados fazem parte do Monitor do PIB-FGV, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) e divulgado na semana.

Agropecuária puxa PIB para baixo

O resultado trimestral do PIB poderia ter ficado negativo. Em suma, a agropecuária ajudou a atividade econômica nos três primeiros meses, registrando um forte desempenho. Contudo, entre abril e junho, o setor encolheu fortemente, puxando o indicador da FGV para baixo e limitando o crescimento.

Apesar da forte retração registrada pela agropecuária, os modestos crescimentos do setor industrial e de serviços colaboraram para o resultado positivo de 0,2% no 2º trimestre“, disse a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.

Cabe salientar que, nos três primeiros meses deste ano, a produção recorde de soja impulsionou a agropecuária e, consequentemente, o PIB brasileiro. Como a colheita do grão chegou ao fim, a economia perdeu força, uma vez que a indústria e os serviços não estão conseguindo registrar um desempenho tão positivo assim.

Em linhas gerais, este resultado mostra uma certa resiliência da economia, que segue em terreno positivo mesmo com grande parte do bônus da agropecuária tendo se reduzido“, destaca Trece.

Agropecuária recua no trimestre e limita crescimento do PIB brasileiro. (Imagem: Pixabay).

Desafios para a economia brasileira em 2023

De acordo com Juliana Trece, os dois principais desafios para a atividade econômica do país são os juros elevados e o endividamento das famílias do país. Por isso, a economia brasileira quase não conseguiu eliminar a influência negativa da agropecuária e teve um desempenho trimestral bem tímido.

A coordenadora disse que o “fraco crescimento também ilustra a pouca capacidade de reação da economia para crescer de forma mais robusta em um ambiente de baixo investimento, juros altos e elevado grau de endividamento das famílias“.

Aliás, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu no início deste mês a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, de 13,75% para 13,25% ao ano. O corte foi mais forte que o esperado e deverá ajudar a impulsionar a atividade econômica do país nos últimos meses deste ano.

Para quem não sabe, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação no Brasil. Quanto mais elevados os juros estiverem no país, mais comprometido fica o poder de compra dos consumidores. Por outro lado, quando os juros caem, os consumidores têm mais chance de aumentar os gastos, aquecendo a economia.

Projeções para o PIB em 2023

Para 2023, os analistas acreditam que a economia brasileira irá crescer 2,29% neste ano. Esse avanço é bem maior que o projetado há alguns meses, quando os analistas do mercado financeiro acreditavam em um crescimento em torno de 1%.

Já para 2024, as projeções indicam um crescimento ainda mais modesto da economia brasileira, de 1,30%. Em síntese, o PIB brasileiro deverá crescer com menos intensidade em 2023 e 2024 por causa dos impactos provocados pela pandemia da covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, cujos desafios ainda são presentes em todo o mundo.

Por fim, o FGV IBRE ainda estimou que, nos seis primeiros meses de 2023, o PIB brasileiro acumulou R$ 5,75 trilhões, em valores correntes.