Economia

Dólar sobe levemente em dia de definição de meta fiscal do Brasil para 2024

O dólar subiu no primeiro pregão após o feriado de 15 de novembro. Nesta quinta-feira (16), a moeda americana avançou em meio à repercussão do mercado sobre a meta fiscal do Brasil. O mercado também ficou atento ao exterior, analisando a divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos.

Não houve notícia muito impactante que impulsionasse ou derrubasse o dólar no dia. Contudo, no final da sessão, a divisa acabou subindo 0,17%, fechando o dia cotada a R$ 4,8696. Na véspera, a moeda americana caiu para R$ 4,8614, menor patamar em quase três meses.

No penúltimo mês de 20223, o dólar acumula uma queda firme de 3,39%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%)setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses está culminando na queda em novembro, ao menos até agora.

Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,74%. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.

Dólar tem leve alta nesta quinta-feira (16), mas continua acumulando queda em 2023. Imagem: Agência Brasil.

Meta fiscal do Brasil em 2024 repercute

Nesta quinta-feira (16), o mercado repercutiu a informação de que o governo federal desistiu de alterar a meta fiscal para 2024. Em resumo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vinha defendendo o déficit zero das contas públicas no ano que vem, mas esse informação perdeu força nas últimas semanas.

Isso porque o presidente Lula havia afirmado no final de outubro que “dificilmente” o Brasil conseguiria zerar o déficit em suas contas em 2024. A declaração preocupou o mercado, principalmente por causa da pouca importância que o presidente pareceu dar ao tema.

Ainda em outubro, o ministro Haddad não afirmou nem negou se a meta de zerar o déficit das contas havia mudado. Esse posicionamento foi bem diferente das últimas declarações do ministro, que vinha defendendo fortemente a redução para zero do déficit das contas públicas em 2024.

Esse novo posicionamento de Haddad preocupou o mercado e ajudou a impulsionar o dólar. Embora o presidente Lula nunca tenha defendido a meta de zerar o déficit das contas, as declarações firmes de Haddad sobre a busca por essa meta pareciam reconfortar o mercado. Contudo, as falas do final de outubro causaram temor entre os investidores.

De todo modo, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias no Congresso, deputado Danilo Forte (União-CE), confirmou a informação. Após participar de uma reunião no Palácio do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou a informação, dizendo que o governo manteve a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024.

Como o governo pretende zerar o déficit fiscal?

Em primeiro lugar, vale destacar que a decisão do governo em manter a meta de zerar o déficit fiscal em 2024 proporciona maior tempo para o ministro Fernando Haddad. Assim, ele tentará conseguir a tramitação no Congresso Nacional de algumas medidas que aumentem a arrecadação federal.

Além disso, a meta fiscal de 2024 prevê que o governo federal gaste apenas o que arrecadar e o que possuir em caixa. Em outras palavras, o Executivo não irá aumentar a dívida pública com gastos e investimentos, uma vez que irá gastar apenas o que tiver.

Dados vindos dos EUA também repercutem

Na sessão de hoje (16), os investidores também repercutiram a divulgação das vendas no varejo dos EUA. De acordo com o Departamento do Comércio norte-americano, as vendas caíram 0,1% no mês passado.

Embora o número seja negativo, mostrando que houve retração das vendas, o resultado veio melhor que o esperado, já que o mercado projetava uma queda de 0,3% das vendas no mês.

A propósito, o Departamento do Comércio dos EUA divulgou as informações na quarta-feira (15), mas, como não houve negociação no Brasil devido ao feriado da Proclamação da República, os dados só repercutiram na sessão de hoje.

Também cabe salientar que um relatório separado do Departamento do Trabalho dos EUA mostrou que os preços ao produtor caíram 0,5% em outubro. Em suma, esse foi o maior recuo mensal desde abril de 2020, ou seja, em três anos e meio.

Dados dos EUA podem influenciar decisão do Fed

Os dados divulgados nesta semana tendem a indicar que a inflação no país poderá vir mais fraca que o esperado. Isso é muito positivo, pois fortalece a ideia de não elevar os juros no país, algo que os investidores temem que aconteça.

Na verdade, a inflação é um dado muito importante, pois tem o poder de influenciar o rumo da política monetária nos EUA. Quanto mais elevada está a inflação, maiores são os riscos de o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, elevar os juros no país, algo que os investidores não desejam.

Em suma, especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais positivos que o esperado repercutiram, com o dólar tendo um leve avanço no dia.