O dólar subiu pela terceira vez seguida, após decisão do Banco Central (BC) de reduzir os juros no Brasil. Nesta quinta-feira (21), a moeda norte americana teve uma forte alta de 1,10% e fechou o dia cotada a R$ 4,9336. Esse é o maior patamar desde o último dia 12 de setembro (R$ 4,9520).
Com o acréscimo desse resultado, a cotação do dólar voltou a superar a marca de R$ 4,90, algo que não acontecia há uma semana. No acumulado de setembro, o dólar continua em campo negativo, mas a queda está bem menor do que há alguns dias (-0,33%), refletindo o fortalecimento da divisa em relação ao real brasileiro nesta semana.
Já em 2023, o dólar ainda tem uma queda bastante mais expressiva, de 6,53%. Em resumo, o tombo acumulado neste ano chegou a 11% em julho. No entanto, a divisa fechou o mês de agosto com ganhos de 4,68% e eliminou parte da queda acumulada nos meses anteriores. Já agora em setembro, a moeda segue em campo negativo ante o real.
Na quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. A redução veio em linha com a expectativa dos analistas do mercado financeiro, até porque o Copom havia anunciado no início de agosto que essa deveria ser a redução agora em setembro.
Em síntese, a decisão só saiu após o fechamento da sessão. Por isso, a repercussão da decisão só impactou a cotação do dólar no pregão desta quinta-feira (21).
A taxa de juros dos países influenciam a entrada de recursos de investidores. Isso acontece porque, quanto maiores os juros, mais enfraquecida tende a ficar a economia do país, uma vez que os juros aumentam o custo de vida, promovendo uma redução do poder de compra do consumidor.
Por outro lado, os juros elevados aumentam o rendimento dos títulos nacionais. Como os juros estão caindo no Brasil, os investidores acabam buscando ativos com maior atratividade, e isso enfraquece o real ante o dólar.
Na verdade, a queda dos juros pode ser vista de duas maneiras. A primeira é justamente a de perda de atratividade dos papéis nacionais. Contudo, muitos analistas preferem a perspectiva a longo prazo.
Como os juros enfraquecem a economia, a sua redução tende a fortalecer a atividade do país. Inclusive, as projeções para a economia brasileira em 2023 estão cada vez mais otimistas. Em suma, com uma atividade mais fortalecida, o Brasil passa a ser visto como uma nação mais segura, e os investidores tendem a alocar seus recursos no país, trazendo mais dólar e impulsionando a economia.
Também na quarta-feira (20), o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, decidiu manter estável a taxa de juros no país. Isso já era esperado pelo mercado, que acreditava não haver motivos suficientes para a entidade elevar os juros no país.
Atualmente, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos. Inclusive, o Fed não descartou a possibilidade de aumentar os juros até o final do ano, a depender dos dados econômicos do país.
Por ora, o banco central decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como a outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação.
Por falar nisso, o governo norte-americano revelou na semana passada que a inflação aos consumidores subiu 0,6% nos EUA em agosto, vindo em linha com as estimativas do mercado. Esse dado animou os investidores, já que os juros sobem para conter a taxa inflacionária, mas esta veio conforme o esperado.
Nesta quinta-feira (21), o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu interromper o ciclo de altas dos juros no país. A votação foi apertada, e, por 5 votos a 4, os diretores do Comitê de Política Monetária da entidade decidiram manter a taxa de juros estável, em 5,25% ao ano.
Em resumo, essa é a primeira vez desde dezembro de 2021 que o BoE não eleva a taxa de juros do país. “Há sinais crescentes de algum impacto da política monetária mais apertada sobre o mercado de trabalho e sobre a dinâmica da economia real de forma mais geral”, informou o comitê em comunicado.
Por fim, a economia britânica segue sofrendo com uma desaceleração. Ao mesmo tempo, os salários dos trabalhadores estão batendo recorde, e isso é uma preocupação crescente para o BoE.