O dólar fechou o pregão desta sexta-feira (20) em queda de 0,45%, cotado a R$ 5,0302. Esse é o menor patamar da moeda norte-americana desde o dia 29 de setembro, quando a divisa fechou a sessão cotada a R$ 5,0267, ou seja, em três semanas.
Com o acréscimo do resultado de hoje, o dólar encerrou a semana com um recuo de 1,15%, mas ainda acumula alta de 0,07% em outubro. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que o dólar sobe pelo terceiro mês consecutivo, pelo menos por enquanto.
Em contrapartida, a divisa acumula um forte recuo de 4,69% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Durante toda a semana, os investidores ficaram de olho, principalmente, em dois locais: o Oriente Médio e os Estados Unidos. No primeiro caso, todo o mundo continua acompanhando os conflitos entre Israel e Hamas, e todo o impacto que essa guerra poderá provocar no planeta.
Já no caso dos EUA, a atenção também ficou voltada à taxa de juros da maior economia mundial. Em resumo, tudo o que acontece nos Estados Unidos ganha repercussão internacional, já que o país é muito importante para todo o mundo. Por isso, qualquer informação sobre os juros no país acaba repercutindo entre os investidores.
A guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas entrou hoje (20) no 14º dia. São duas semanas de muita tensão e ataques de ambos os lados, que já provocaram a morte de mais de 4 mil pessoas, além de milhares de feridos e dezenas de reféns.
Durante a semana, o que mais repercutiu no mercado de câmbio foi um ataque a um hospital no sul da Faixa de Gaza na última terça-feira (17). A ação causou a morte de centenas de pessoas, incluindo crianças, e foi muito criticada por diversos países, uma vez que ataques a hospitais são considerados crimes de guerra.
Israel negou a autoria do ataque e acusou a Jihad Islâmica, que também negou ter atacado o hospital. Essa guerra de narrativas dificultaram ainda mais as negociações diplomáticas, aumentando o temor entre os investidores.
A principal preocupação, do ponto de vista econômico, refere-se ao aumento no preço do petróleo caso outros países do Oriente Médio se envolvam nos conflitos. Isso poderia pressionar a inflação em todo o mundo, fazendo os bancos centrais manterem os juros elevados, ou até mesmo voltarem a aumentá-los.
Na semana, o Irã pediu a imposição de um embargo petrolífero a Israel. Em suma, os países mulçumanos e autoridades árabes vêm condenando a atuação de Israel, apesar de o país receber apoio do Ocidente.
Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.
Todo o cenário caótico do Oriente Médio poderia impulsionar o dólar na semana, mas isso não aconteceu, porque os investidores ainda estão deixando esse assunto em “banho-maria”, considerando-o, principalmente, como uma questão humanitária, mas sem força para afetar a inflação global.
Já nos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, Jerome Powell, fez declarações que aliviaram um pouco o pessimismo entre os investidores. De acordo com ele, a entidade está “procedendo com cuidado” em relação à taxa de juros nos Estados Unidos. Isso foi visto como um sinal de que o Fed não elevará os juros em sua próxima reunião.
A saber, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação no país nos dois últimos anos. Isso aconteceu porque a taxa inflacionária chegou ao maior patamar em quase 40 anos.
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Aliás, na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.
De acordo com Powell, o Fed está analisando cautelosamente os impactos de juros mais elevados na economia norte-americana. Para quem não sabe, o principal objetivo dos juros é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força.
O problema é que isso afeta toda a população, e os investidores torcem pelo crescimento econômico dos países, ainda mais porque os EUA são a maior economia do mundo. Um eventual aumento dos preços do petróleo, com o prolongamento da guerra, poderá pressionar o Fed a elevar os juros, algo que o mercado não quer que aconteça.
Embora as incertezas e preocupações vindas do exterior pudessem elevar o dólar, a moeda fechou a semana em queda, para alívio do câmbio. Agora, resta torcer para que os ânimos se acalmem e os conflitos cheguem ao fim.