Economia

Dólar CAI pela 4ª vez consecutiva e atinge MENOR nível em quase 1 MÊS

Após quase um mês, o dólar voltou a fechar um pregão abaixo de R$ 5,00. Nesta terça-feira (24), a moeda norte-americana caiu pela quarta vez consecutiva, com destaque novamente do cenário internacional e de todas as preocupações vindas do exterior.

Assim como aconteceu na véspera (23), os conflitos no Oriente Médio continuaram preocupando os investidores, mas não tiveram forças para impulsionar o dólar. Na verdade, o alívio no rali dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos falou mais alto e enfraqueceu a moeda.

Na sessão de hoje (24), o dólar caiu 0,47% e encerrou o dia cotado a R$ 4,9927. Esse é o menor patamar da moeda norte-americana desde o dia 26 de setembro, quando a divisa fechou a sessão cotada a R$ 4,9870, ou seja, em quase um mês.

Com o acréscimo do resultado de hoje, o dólar intensificou o movimento observado no mês e agora acumula recuo de 0,68% em outubro. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que a força do dólar nos últimos meses não está se repetindo agora em outubro.

A divisa ainda acumula um forte recuo de 5,41% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.

Guerra entre Israel e Hamas preocupa, mas nem tanto

A guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas teve início há duas semanas e meio e já provocou a morte de mais de 7 mil pessoas. Além disso, há milhares de feridos e dezenas de reféns do grupo islâmico, considerado por Israel e por boa parte dos países ocidentais como um grupo terrorista.

Os investidores estão atentos aos conflitos, ainda mais porque Israel afirmou que irá invadir a Faixa de Gaza por terra em breve. Do ponto de vista econômico, os analistas temem que a guerra provoque o aumento no preço do petróleo, principalmente se outros países do Oriente Médio se envolverem nos conflitos.

Isso poderia pressionar a inflação em todo o mundo, fazendo os bancos centrais manterem os juros elevados, ou até mesmo voltarem a aumentá-los. E os investidores não querem elevação dos juros, já que isso provoca o esfriamento econômico, ou seja, reduz a quantidade de dinheiro em circulação.

Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.

Apesar destas preocupações, não houve fatos relevantes que provocassem a escalada da guerra nesta terça-feira (24). Ao mesmo tempo, o petróleo devolveu parte das altas acumuladas desde o início dos conflitos. Em outras palavras, os investidores se sentiram confiantes para buscar ativos de risco, e isso provocou a queda do dólar no dia.

Petróleo devolve nesta terça-feira (24) parte dos ganhos acumulados desde o início da guerra. Imagem: Pixabay.

Investidores segue de olho nos títulos do Tesouro dos EUA

Como não houve escalada dos conflitos nos últimos dias, os investidores ainda estão deixando esse assunto em “banho-maria”. Na verdade, eles estão considerando a guerra principalmente como uma questão humanitária, mas sem força para afetar a inflação global.

Caso houvesse mais riscos de elevação da inflação, o dólar provavelmente estaria com uma cotação mais elevada. Isso porque, quando há incertezas e pessimismo global, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros para se protegerem. Nessas situações, os títulos do Tesouro dos EUA se destacam, pois são considerados os ativos mais seguros do mundo.

Na semana passada, os títulos chegaram ao maior patamar dos últimos 15 anos. Essa valorização atraiu muitos investidores de todo o mundo e, quanto mais dinheiro circulando nos Estados Unidos, mais forte ficou o dólar. Inclusive, os títulos americanos ficaram muito valorizados por causa dos juros elevados no país.

Entretanto, hoje foi o segundo dia de alivio do rali dos títulos americanos. Como as preocupações globais perderam um pouco de força, apesar de ainda existirem, a valorização dos papeis se enfraqueceu, fazendo os investidores buscarem ativos mais arriscados, mas que ofereciam uma rentabilidade mais interessante que os títulos norte-americanos.

Juros nos EUA estão no maior patamar em mais de 20 anos

Vale destacar que, atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Na última reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.

O mercado está de olho em qualquer movimentação relacionada aos juros nos EUA, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada que a entidade está analisando cautelosamente os impactos de juros mais elevados na economia norte-americana. A expectativa é que o Fed mantenha os juros estáveis em sua próxima reunião, realizada em breve.

A saber, o principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.

O problema é que isso afeta toda a população, e os investidores torcem pelo crescimento econômico dos países, ainda mais porque os EUA são a maior economia do mundo.

Um eventual aumento dos preços do petróleo, com o prolongamento da guerra, poderá pressionar o Fed a elevar os juros, algo que o mercado não quer que aconteça. Como o dia ficou marcado por um clima um pouco menos tenso, os investidores aproveitaram para buscar ativos de risco, e isso enfraqueceu o dólar.