O dólar fechou o pregão desta quarta-feira (31) em forte queda de 1,34%, cotado a R$ 4,9730. A sessão ficou marcada pela repercussão da decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, sobre a taxa de juros na maior economia do planeta.
Além disso, o mercado também seguiu atento à decisão do bancos central do Brasil sobre juros, mas o anúncio só ocorrerá após as 18h.
A moeda americana iniciou o penúltimo mês do ano em queda, após fechar os três meses anteriores em alta: agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), resultados que mostra a desaceleração do crescimento do dólar ao longo dos meses.
Apesar dos recentes avanços, a divisa ainda acumula um forte recuo de 5,78% no ano. Aliás, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo as perdas.
Na tarde de hoje (1º), o Fed anunciou sua nova decisão sobre a política monetária dos EUA. Em resumo, a entidade financeira manteve inalterada a taxa de juros de referência do país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, assim como aconteceu nas últimas reuniões do banco.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), informou que o Fed poderá voltar a elevar os juros na última reunião de 2023, em dezembro. A propósito, o Fed levou em consideração diversos fatores econômicos para decidir manter os juros estáveis, como taxa de desemprego, crescimento da atividade econômica e inflação no país.
“Os ganhos no emprego foram moderados desde o início do ano, mas continuam fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada“, disse o Fomc no comunicado.
“O comitê procura atingir o nível máximo de emprego e levar a inflação à taxa de 2% a longo prazo“, acrescentou. Inclusive, o Fed levará em consideração os seguintes pontos para tomar decisões sobre os juros no Brasil:
Atualmente, a taxa de juros no país está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Aliás, os investidores estão cada vez menos confiantes na manutenção dos juros em dezembro, e muitos já apostam no aumento dos juros no país.
Apesar de o Fed ter mantido os juros inalterados nos EUA, a taxa continua em um patamar muito elevado. Além disso, vale destacar que a economia norte-americana continua como a mais segura do mundo, mas essa segurança já foi maior.
Em suma, a Casa Branca segue muito endividada e os presidentes, seja ele democrata ou republicano, ainda não aprovaram qualquer reforma para melhorar a saúde fiscal do país. Logo, os déficits continuam sendo acumulados, cenário que preocupa, apesar de os EUA serem a maior economia do mundo.
Nos últimos anos, a situação ficou ainda mais complicada por causa da pandemia da covid-19. Aliás, isso explica a alta valorização dos títulos do Tesouro dos EUA, que atingiram os maiores valores dos últimos 16 anos.
O risco fiscal do país faz investidores exigirem cada vez mais para emprestarem dinheiro ao país. Inclusive, estes papeis vêm sugando boa parte do dinheiro das bolsas de valores em todo o mundo, já que garantem uma rentabilidade bastante elevada para os investidores.
Esse cenário tende a beneficiar o dólar, pois os títulos do Tesouro americano são vendidos apenas em dólar, ou seja, os investidores precisam comprar a moeda americana para adquirirem os títulos. Contudo, a manutenção dos juros ajudou a derrubar a divisa.
Na sessão de hoje (1º), os investidores também ficaram atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que definirá os novos rumos da política monetária do Brasil.
A expectativa é que o Copom promova um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) dos juros no país, uma vez que a inflação vem desacelerando, ainda mais fortemente que o esperado pelo mercado nos últimos meses.
Atualmente, a taxa básica de juro do Brasil, a Selic, está em 12,75% ao ano. Caso o Copom realmente promova mais dois cortes de 0,50 p.p. até o final do ano, como os analistas esperam, os juros cairão para 11,75% ao ano.
A taxa ainda ficará elevada, mas 2,0 pontos percentuais abaixo do observado em julho. Isso já é um alívio para a economia brasileira, que perde força com os juros elevados, bem como para a população, que tem o seu poder de compra menos enfraquecido.