O dólar fechou o segundo pregão consecutivo em queda, influenciado, principalmente, pelo noticiário internacional. Os investidores repercutiram dados vindos dos Estados Unidos, da China e da Europa, enquanto o dado nacional mais importante do dia ficou com o setor de serviços do Brasil.
Na sessão desta quinta-feira (14), o dólar caiu 0,91%, cotado a R$ 4,8721. Esse é o menor patamar da moeda norte-americana desde 30 de agosto, quando a divisa fechou o pregão cotada a R$ 4,8687, ou seja, em duas semanas. Com o acréscimo deste resultado, o dólar intensificou a queda acumulada em setembro, de -0,67% para -1,57%.
Já em 2023, o dólar tem uma queda ainda mais expressiva, de 7,69%. O tombo acumulado no ano chegou a 11% em julho. No entanto, a divisa fechou o mês de agosto com ganhos de 4,68% e eliminou uma parte significativa da queda observada nos meses anteriores.
Para setembro, alguns investidores acreditam que o dólar deverá recuar, influenciada pela melhora econômica do Brasil. Contudo, outros analistas acreditam em mais um mês de avanço da divisa, pressionada pelas preocupações internacionais com a inflação. De todo modo, até agora, as quedas vêm dominando os pregões deste mês.
Nesta quinta-feira (14), os dados que mais repercutiram entre os investidores vieram do exterior. Confira abaixo os destaques do dia:
Hoje, os investidores repercutiram os dados da inflação ao produtor, divulgada pelo governo norte-americano. Em resumo, os preços subiram 0,7% em agosto, acima das projeções do mercado (0,4%). Esse resultado pode indicar aumento da inflação aos consumidores em setembro, uma vez que os produtores tendem a repassar as altas ao consumidor final.
Por falar nisso, o governo dos EUA também revelou na véspera (13) que a inflação aos consumidores subiu 0,6% em agosto, em linha com as estimativas do mercado. Em outras palavras, as preocupações para outubro ficaram de lado, e os investidores preferiram manter o otimismo com os dados mais positivos de setembro em relação à inflação aos consumidores.
Em suma, os investidores torcem para que o Fed não eleve os juros nos EUA, pois, quanto mais altos eles estiverem, mais enfraquecida fica a economia norte-americana. Isso acontece porque juros mais altos encarecem o crédito e elevam o custo de vida. Como consequência, os consumidores passam a gastar menos, e isso esfria a atividade do país.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, vai se reunir na semana que vem para definir a política monetária do país. Atualmente, a taxa de juros está no maior patamar em mais de 20 anos, e o Fed não descartou a possibilidade de aumentar ainda mais os juros, mas os analistas acreditam que a entidade manterá os juros estáveis.
Na sessão, os investidores também repercutiram a decisão do Banco Central Europeu (BCE) em elevar pela décima vez consecutiva os juros na zona do euro. Em síntese, a entidade elevou em 0,25 ponto percentual a taxa de juros, para um patamar entre 4,00% e 4,75% ao ano.
Com a alta dos juros, o BCE tenta atrair investimentos estrangeiros, pois os juros mais elevados aumentam a atratividade da renda fixa, e muitos investidores passam a comprar os títulos dos países que têm juros muito elevados.
Por outro lado, os juros altos também enfraquecem a atividade econômica dos países, e isso vem acontecendo na zona do euro. Portanto, a alta dos juros na região foi vista como algo positivo por uma parte do mercado, mas isso não foi unanimidade.
Os dados relacionados a juros e inflação sempre impactam de maneira significativa a cotação do dólar. Contudo, nesta quinta-feira (14), dados da China também repercutiram entre os investidores, mas não se referiu a qualquer um dos assuntos citados.
Na verdade, o banco central chinês sinalizou que deverá reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos mantêm em reserva. Caso isso realmente se confirme, será a segunda vez em 2023 que haverá uma redução dessa quantidade.
Em resumo, essa decisão beneficia a atividade econômica da China, uma vez que aumenta a liquidez no país. Quanto maior for a circulação de dinheiro na economia, mais forte tende a ser a sua recuperação, e isso animou os investidores, ajudando a enfraquecer o dólar na sessão.
A sessão ainda ficou marcada pelo otimismo trazido com os dados mais recentes da inflação no Brasil. Na última terça-feira (12), o IBGE revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em agosto, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,12%.
Entretanto, não foi a aceleração que impactou os investidores, mas o fato de ela ter vindo abaixo das expectativas, já que as projeções indicavam um avanço de 0,28% em agosto. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
A saber, o termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
Para controlar a taxa inflacionária, o Banco Central (BC) eleva os juros no país, visando reduzir o poder de compra do consumidor. Como o crédito fica mais caro, a economia tende a desacelerar, e isso ajuda a controlar a inflação. Aliás, o BC elevou por 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil, entre 2021 e 2022, dificultando a vida dos brasileiros.
No início de agosto, o BC promoveu o primeiro corte dos juros no país em três anos, e a expectativa é de mais reduções nos próximos meses. Com o IPCA mais fraco que o esperado em agosto, os investidores torcem por quedas ainda mais intensa dos juros, e o fortalecimento da economia brasileira continua atraindo dólares para o país.