O dólar apresentou variações bastante expressivas nesta semana, registrando quedas firmes em boa parte dos pregões. Os investidores seguiram repercutindo a decisão dos bancos centrais em relação à taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira (10), o que mais repercutiu foi a divulgação da inflação no Brasil em outubro, que veio mais fraca que o esperado. O dado reforça a política menos contracionista adotada pelo Banco Central (BC) em relação aos juros no país.
Em resumo, o dólar fechou o pregão de hoje (27) em queda de 0,53%, cotado a R$ 4,9145. Na semana, a moeda americana chegou a cair para R$ 4,8750 na terça-feira (7), repercutindo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Contudo, a divisa se fortaleceu nos dias seguintes, principalmente por causa de temores vindos dos Estados Unidos.
De todo modo, o dólar vem acumulando um forte recuo de 2,5% em novembro. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses está culminando em uma forte queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 6,89% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Durante toda a semana, os investidores ficaram de olho, principalmente, em dois locais: os Estados Unidos e o Brasil. No primeiro caso, atenção ficou voltada à taxa de juros da maior economia mundial.
Em resumo, tudo o que acontece nos Estados Unidos ganha repercussão internacional, já que o país é muito importante para todo o mundo. Por isso, qualquer informação sobre os juros no país acaba repercutindo entre os investidores.
No âmbito doméstico, dados sobre a inflação ajudaram a enfraquecer o dólar nesta sexta-feira (10). Ainda assim, a moeda subiu 0,39% na semana, principalmente por causa das incertezas vindas dos EUA.
Nesta sexta-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,24% em outubro, taxa inferior a de setembro (0,26%). A saber, o IPCA é a inflação do Brasil.
O dado é muito positivo para o Brasil e indica que os juros em queda no país estão sendo suficientes para enfraquecer a inflação. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduza em meio ponto percentual a taxa de juros em dezembro, para 11,75% ao ano, na última reunião do Copom em 2023.
Isso beneficia a população e fortalece a economia brasileira, o que pode atrair mais investidores para o país. O principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.
Como os juros estão caindo no Brasil, graças à desaceleração da inflação, a queda de ambos os indicadores ajuda a aumentar o capital em circulação no país, e isso enfraquece o dólar.
Na véspera (9), os investidores ficaram de olho nos EUA, esperando uma declaração de Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano.
O banqueiro central participou de uma conferência de pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI) e disse que os dirigentes do Fed “não estão confiantes” em relação ao nível atual da taxa de juros. Alguns deles acreditam que os juros não estão em patamar elevado o suficiente para conter a inflação no país.
De acordo com Powell, o Federal Reserve “está comprometido em alcançar uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo“. “Não estamos confiantes de que alcançamos essa postura“, acrescentou.
Esses comentários preocuparam os investidores, que passaram a buscar mais intensamente o dólar. Por isso que a moeda americana subiu na semana, pressionada pelo exterior. Até porque Powell afirmou que, “se for apropriado apertar ainda mais a política monetária, não hesitaremos em fazê-lo“.
Por fim, cabe salientar que a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável, isso não é apenas positivo, já que o patamar continua muito alto, afetando a população e a economia do país. E o risco de nova elevação, que tende a atrair mais dinheiro para a renda fixa dos EUA, impulsionou o dólar na semana.