Após subir na véspera (25), o dólar comercial fechou a sessão desta quinta-feira (26) em queda e voltou a ser cotado abaixo de R$ 5,00. No dia, os investidores repercutiram a divulgação da prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e da prévia da inflação do Brasil.
Além disso, o mercado seguiu atento aos conflitos no Oriente Médio, que estão prestes a completar três semanas. Da mesma forma, os investidores também repercutiram a taxa de juros nos EUA e como o resultado do PIB norte-americano irá impactá-la.
Nesta quinta-feira (26), o dólar caiu 0,23% e fechou o dia cotado a R$ 4,9896. Essa é a menor cotação da moeda americana desde o dia 26 de setembro, quando a divisa encerrou a sessão cotada a R4 4,9870, ou seja, em um mês.
Com o acréscimo desse resultado, o dólar aumentou a queda acumulada no mês, para -0,74%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que a variação da moeda americana em outubro ainda é incerta. Contudo, caso os resultados continuem assim, a divisa deverá encerrar o mês no campo negativo.
Vale destacar que o dólar ainda acumula um forte recuo de 5,46% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Em resumo, os dados prévios do PIB dos EUA surpreenderam o mercado ao indicarem uma alta de 4,9% no terceiro trimestre. O resultado foi bem mais forte que o esperado pelo mercado (2,1%), mas cabe salientar que isso foi apenas uma prévia. O dado oficial ainda será divulgado.
De todo modo, o crescimento significativo da economia norte-americana reflete a recuperação da atividade do país. Isso é um sinal positivo, pois mostra que a maior economia do mundo está crescendo fortemente. No entanto, esse avanço não foi apenas comemorado pelo mercado.
Na verdade, a alta muito expressiva também causou preocupação nos investidores, que temem o avanço dos juros no país. A saber, o principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.
Em outras palavras, quanto mais forte estiver a economia norte-americana, mais alta tende a ficar a inflação. Entretanto, como o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, tem a missão de controlar a inflação no país, a entidade acaba elevando os juros para que a taxa inflacionária não suba acima dos valores definidos.
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Na última reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.
O mercado está de olho em qualquer movimentação relacionada aos juros nos EUA, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada que a entidade está analisando cautelosamente os impactos de juros mais elevados na economia norte-americana. A expectativa é que o Fed mantenha os juros estáveis em sua próxima reunião, realizada em breve.
Contudo, o Fed ainda realizará uma última reunião neste ano, em dezembro. Para esse encontro, os investidores estão acreditando cada vez menos que o banco manterá os juros estáveis. As previsões de alta dos juros no último mês de 2023 vêm ganhando força, ainda mais com os fortes dados do PIB americano.
A propósito, todo esse cenário poderia beneficiar o dólar, até porque, quanto mais altos os juros estiverem no país, mais rentáveis fica a renda fixa, da qual faz parte as treasuries, que são os títulos do Tesouro dos EUA, considerados os ativos mais seguros do mundo. Sua valorização está em alta, o que atrai investidores e impulsiona o dólar. Contudo, a moeda americana não subiu hoje (26).
Nesta quinta-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,21% em outubro, taxa inferior a de setembro (0,35%). A saber, o IPCA-15 e considerado a prévia da inflação do Brasil.
O dado é positivo para o Brasil e indica que os juros em queda no país estão sendo suficientes para enfraquecer a inflação. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduza em 1,0 ponto percentual a taxa de juros em 2023, para 11,75% ao ano. Isso beneficia a população e fortalece a economia brasileira, o que pode atrair mais investidores para o país.
Por fim, a guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas, que teve início no último dia 7 e já provocou a morte de mais de 7 mil pessoas, seguiu no radar dos investidores, que temem um aumento no preço do petróleo por causa da guerra.
Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.