O cenário do endividamento das famílias brasileiras é verdadeiramente alarmante. De acordo com dados recentes divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em maio deste ano, impressionantes 78,5% das famílias no país estavam inadimplentes, ou seja, com dívidas em atraso.
Este número expressivo reflete uma realidade enfrentada por milhões de brasileiros que lutam diariamente para equilibrar suas finanças pessoais. Muitos se veem aprisionados em um ciclo vicioso de dívidas, incapazes de honrar seus compromissos financeiros e, consequentemente, comprometendo sua qualidade de vida e bem-estar emocional.
Diante deste cenário desafiador, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro decidiu tomar medidas ousadas. Com o objetivo de fornecer orientação abrangente e multidisciplinar aos consumidores endividados, a instituição lançou, nesta sexta-feira (12 de maio), um programa revolucionário: a Escola de Educação Financeira.
Este programa ambicioso foi concebido como uma plataforma de conhecimento e capacitação, destinada a capacitar os consumidores a protegerem-se contra práticas abusivas, conhecerem seus direitos e evitarem o ciclo vicioso do endividamento excessivo.
A Escola de Educação Financeira adotará uma abordagem ampla, que atenderá diversos eixos temáticos, incluindo comportamento, finanças, economia, legislação, sustentabilidade e planejamento. Através de uma variedade de formatos, como palestras, cursos, workshops, podcasts, seminários presenciais e online (webinares), os participantes receberão orientações valiosas sobre crédito bancário, financiamentos, juros, orçamento familiar e consumo responsável.
O coordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), defensor público Eduardo Chow de Martino Tostes, ressaltou a importância desta iniciativa, afirmando:
“Pessoas endividadas e superendividadas, inclusive por empréstimos e financiamentos, com a renda comprometida a ponto de não terem condições de arcar com necessidades básicas, como a alimentação, recorrem à Defensoria em todo o Estado do Rio de Janeiro. Com este programa, ofereceremos um espaço de conhecimento e educação, permitindo que os consumidores se protejam, conheçam seus direitos e evitem práticas abusivas.”
Uma das principais prioridades do programa é atender às necessidades dos grupos mais vulneráveis da sociedade. As atividades presenciais e remotas serão direcionadas especialmente para pessoas idosas, indivíduos de baixa renda e aqueles que destinam mais da metade de sua renda ao pagamento de dívidas.
Ao fornecer acesso a informações e ferramentas, a Escola de Educação Financeira busca capacitar esses grupos a tomarem decisões financeiras mais conscientes e a evitarem o endividamento excessivo, que pode ter consequências devastadoras.
Além das atividades educacionais, o programa prevê a oferta de consultoria personalizada às pessoas assistidas pelo Nudecon. Esta assistência pode incluir até mesmo apoio psicológico, reconhecendo o impacto emocional e mental que o endividamento pode causar.
Ao fornecer orientação individualizada e suporte emocional, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro demonstra seu compromisso em abordar a questão do endividamento de forma abrangente, levando em consideração não apenas os aspectos financeiros, mas também o bem-estar geral dos indivíduos afetados.
Paralelo ao lançamento do programa, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro também implementará uma capacitação interna para seus profissionais. Esse treinamento visa aprimorar o atendimento aos consumidores inadimplentes, garantindo que os defensores públicos estejam devidamente preparados para lidar com casos de endividamento de forma eficiente e eficaz.
Ao investir na capacitação de sua equipe, a instituição reforça seu compromisso em oferecer um serviço de excelência, baseado em conhecimentos atualizados e práticas comprovadas, para auxiliar os consumidores a superarem suas dificuldades financeiras.
A Escola de Educação Financeira da Defensoria Pública do Rio de Janeiro representa um passo significativo na luta contra o endividamento excessivo e na promoção da educação financeira no estado. Espera-se que esta iniciativa pioneira tenha um impacto positivo duradouro, capacitando os consumidores a tomarem decisões financeiras mais conscientes e a evitarem o ciclo vicioso das dívidas.