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Como uma dívida de R$ 5 MIL se multiplicou para quase R$ 1 milhão no cartão de crédito da Nubank

Imagine ver sua dívida de R$5.000 se transformar em quase R$1 milhão, em apenas três anos e meio. Isso pode parecer inacreditável, mas é exatamente o que aconteceu com Thaynná Bastos, uma designer freelancer de 27 anos que compartilhou sua experiência com o cartão de crédito Nubank no TikTok.

A História de Thaynná

Thaynná começou a acumular sua dívida com o Nubank em novembro de 2020, quando decidiu deixar seu emprego por conta da síndrome de burnout. Como freelancer, ela não teve direito à multa rescisória ou ao 13º salário, o que a colocou em uma situação financeira complicada.

“Eu não sou do tipo descontrolada com finanças, nunca gastei mais do que conseguiria pagar”, afirmou Thaynná em um de seus vídeos. “Eu literalmente tive que escolher: ou eu pagava a fatura e ficava sem dinheiro nenhum, ou eu ia para o SPC, mas teria um dinheirinho guardado caso não conseguisse outro emprego por um tempo”, disse.

Thaynná optou por não pagar a fatura do Nubank, que estava em torno de R$2.000. Ela continuou gastando até a fatura atingir cerca de R$5.000 antes do vencimento.

O Crescimento Exponencial da Dívida

A dívida de Thaynná com o Nubank começou a crescer exponencialmente devido à falta de gerenciamento de suas finanças pessoais e aos juros do crédito rotativo do cartão. A cada nova fatura, o valor era acrescido de multa e juros por atraso, fazendo com que a dívida aumentasse de maneira descontrolada.

Confira a evolução da dívida de Thaynná:

  • A dívida começou em novembro de 2020 (valor exato não divulgado);
  • A fatura de janeiro de 2021 estava em R$5.334,69, já com juros e multa;
  • Um ano depois, em janeiro de 2022, estava em R$28.288,26;
  • No mês seguinte, em fevereiro de 2022, estava em R$31.891,39;
  • Em fevereiro de 2023, o débito já acumulava R$159.605,35;
  • Mês passado, fevereiro de 2024, estava em R$842.848,27;
  • Neste mês, a fatura fechou em R$968.873,34.

Responsabilidade Financeira e Juros do Rotativo

O valor exorbitante da dívida de Thaynná ocorre devido à multa e correção, mês a mês, que tem como base juros compostos. Essas taxas são altas devido ao risco de inadimplência.

Hugo Garbe, economista e professor de finanças na Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que a vida financeira de Thaynná praticamente parou com o acúmulo da dívida. Seu nome foi negativado, o que a impede de fazer um financiamento, por exemplo.

“Ela poderia ter negociado com o banco desde o começo. Nesses casos, eu indico ligar no banco e buscar um renegociamento, ver as condições disponíveis. Os bancos chegam a dar 90% de desconto com uma taxa mínima. Ela não vai chegar a pagar esse valor todo”, explica.

A Resposta do Nubank

O Nubank, quando procurado para comentar o caso, afirmou que não comenta casos específicos. No entanto, a instituição financeira está à disposição de Thaynná para renegociar a dívida.

“Todo cliente pode falar conosco por telefone ou via plataformas como Serasa Limpa Nome e Acordo Certo para tratar de dívidas em aberto, acessando opções de acordo que incluem descontos”, diz a instituição financeira.

O Nubank também realiza e participa de campanhas que oferecem descontos que podem chegar a 98% do valor devido, de acordo com critérios e análises de cada caso.

Juros do Rotativo

Os juros acumulados sobre o valor original da dívida no Nubank estão em 14,43% ao mês (percentil 99), em janeiro de 2024. A multa por inadimplência, conforme definido pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), tem teto de 2% do valor da prestação.

Confira as taxas mais altas cobradas no rotativo atualmente:

  1. Banco BMG: 28,77%
  2. Banco BV: 24,97%
  3. Banco CSF: 24,14%
  4. Banco C6: 23,6%
  5. Banco Pan: 22,7%
  6. Porto Seguro: 21,09%
  7. Itaú Unibanco: 21%
  8. Banco do Brasil: 20,56%
  9. Banco Santander: 20,5%
  10. Luizacred: 20%
  11. Banco Bradescard: 18%
  12. Banco Bradesco: 18%
  13. Caixa Econômica Federal: 17,86%
  14. Realize CFI: 17,06%
  15. Nubank: 14,43%

Nova Regra Limita a Dívida

Com a nova Lei nº 14.690/23, situações como a de Thaynná deverão tornar-se cada vez mais raras. A lei determina que os juros sobre dívidas contraídas a partir de 3 de janeiro de 2024 ficam limitados a 100% do valor original que deixou de ser pago ou que foi parcelado.

Isso significa que, se a dívida da designer tivesse sido feita neste ano, ela poderia chegar ao teto de cerca de R$10.000 apenas.

A história de Thaynná serve como um alerta para todos sobre a importância do gerenciamento adequado das finanças pessoais. É crucial entender os termos e condições do seu cartão de crédito, especialmente as taxas de juros e as consequências da inadimplência. Lembre-se sempre de buscar ajuda e orientação financeira quando necessário.