Dígrafo significa “duas letras” (DI=duas/GRAFO=letra). Na língua portuguesa, quando essas duas letras, juntas na mesma palavra, possuem som de uma letra só quando reproduzidas foneticamente, são chamadas de dígrafo.
A fonologia da palavra é o som que ela produz ao ser falada. Sendo assim, para melhor compreender o dígrafo, entende-se que a letra é o que escrevemos/vemos, e o fonema é o que falamos/ouvimos.
Na palavra “CHAVE”, por exemplo, o “CH” pode ser substituído pela letra “X”, sem provocar alguma mudança na sua pronúncia. Em “ESQUISITO”, o “QU” pode ser substituído por um “K”, e a palavra será reproduzida foneticamente da mesma maneira.
Exemplos de dígrafos: Chuva, Assar, Ilha; Embalar; Conduzir; Máquina.
Existem dois tipos de dígrafos. Veja:
Dígrafo vocálico: acontece quando o encontro das duas letras formam um som vocálico.
Exemplos:
– AM: ambiente; lamparina.
– EM: embrião; embalagem.
– IM: improviso; impulso.
– OM: ombro; combate.
– UM: tumba; chumbo.
– AN: anta; canto.
– EN: frente; crente.
– IN: insulto; linda.
– ON: ponte; fonte.
– UN: sunga; fundo.
Dígrafo consonantal: quando as duas letras da palavra formam um único som consonantal.
Exemplos:
– LH: ilha; baralho.
– CH: chapéu; chave.
– NH: manhã; carinho.
– RR: carro; Irritar.
– SS: passar; pássaro.
– QU: queijo; porque.
– GU: guitarra; águia.
– SC: nascer; crescer.
– SÇ: cresça; desça.
– XC: exceção; exceder.
– XS: exsuflar; exsurgir.
Por serem parecidos, o dígrafo e o encontro consonantal podem ser confundidos. Para que isso não aconteça, é necessário prestar atenção em alguns detalhes.
No dígrafo, as duas letras ficam juntas, mas possuem o som de uma letra só. Já no encontro consonantal, duas consoantes ficam juntas, mas cada uma produz o seu próprio som. Ao ser pronunciada a palavra, é possível compreender o som das duas letras.
Os encontros consonantais podem ser classificados ainda como perfeitos e imperfeitos. Veja a diferença:
Encontro consonantal perfeito: acontece quando o encontro das duas consoantes permanece na mesma sílaba após a separação silábica da palavra. Além disso, eles possuem uma consoante seguida de L ou R na mesma sílaba.
Exemplos:
– Flores: flo-res;
– Claro: cla-ro;
– Soprar: so-prar;
– Livro: li-vro;
– Blusa: blu-as;
– Planta: plan-ta.
Encontro consonantal imperfeito: acontece quando as duas consoantes da palavra se separam quando acontece a separação de sílabas.
Exemplos:
– Forte: for-te;
– Curto: cur-to;
– Torta: tor-ta;
– Objeto: ob-je-to;
– Advogado: ad-vo-ga-do;
– Absoluto: ab-so-lu-to.
Existem ainda os encontros consonantais que não se separam quando estão no início da frase, porque não existe uma sílaba sem uma vogal.
Exemplos:
– Gnomo: gno-mo;
– Psicólogo: psi-có-lo-go;
– Psicológico: psi-co-ló-gi-co.
Além do encontro consonantal, o dígrafo também pode ser confundido com o encontro vocálico. Este acontece quando existe uma sequência de vogais na mesma palavra. Os encontros vocálicos podem ser classificados como:
Ditongo: ocorre quando a palavra é composta por uma semivogal e uma vogal, seguidas uma da outra. A semivogal tem um som mais fraco, enquanto a vogal tem o som mais forte e presente. Os ditongos podem ser classificados ainda como crescentes ou decrescentes.
Exemplos: Caixa – Flauta – Pauta.
Tritongo: ocorre quando há o encontro de uma semivogal, uma vogal e outra semivogal na mesma sílaba. O tritongo deve sempre obedecer essa ordem (semivogal- vogal- semivogal). Eles podem ser classificados como oral ou nasal.
Exemplos: Uruguai – Saguão – Iguais.
Hiato: ocorre quando as duas vogais se encontram na palavra, mas se separam no momento da separação de sílabas.
Exemplos: Ciúme (ci-ú-me) – Saúde (as- ú- de) – Raíz (ra-íz).
Nos dígrafos RR, SS, SC, XC e XS acontece a separação. Veja:
– Arrepio: ar-re-pi-o;
– Assar: as-sar;
– Crescer: cres-cer;
– Exceder: ex-ce-der;
– Exsudar: ex-su-dar.
Já os dígrafos LH, NH, CH, QU e GU não se separam. Veja:
– Ilhado: i-lha-do;
– Manhã: ma-nhã;
– Cachorro: ca-chor-ro;
– Queijo: quei-jo;
– Guaraná: gua-ra-ná.
É preciso ficar atento para não cair em algumas pegadinhas. Confira algumas regras:
Não é todo encontro de duas letras em uma palavra que forma um dígrafo. Os encontros QU, GU, SC e XC costumam confundir um pouco.
O “QU” só é um dígrafo quando for seguido das letras “e” ou “i”, sem que o som do “u” seja pronunciado.
Exemplos:
– Queijo;
– Quiabo;
– Quero;
– Quieto.
Quando pronunciadas, essas palavras não emitem o som da letra “u”.
Acontece da mesma maneira com o encontro “GU”. Ele só é dígrafo se for seguido de “e” ou “i”, sem que o “u” seja pronunciado.
Exemplos:
– Guerreiro;
– Guindaste;
– Guitarra;
– Dengue.
Percebe-se que o som da letra “u” também não aparece na pronúncia da palavra.
No encontro “XC”, só é dígrafo se seguidos das letras “e” ou “i”.
Exemplos:
– Excitante;
– Excelente;
– Exceção.
O “SC” também obedece a mesma regra. Só é dígrafo se seguido de “e” ou “i”.
Exemplos:
– Descendo;
– Piscina;
– Crescendo;
Uma dica para quem ainda está na dúvida sobre como identificar um dígrafo na palavra, é fazer a contagem das letras e dos fonemas que ela possui.
Como já foi dito:
Letra é o que vemos/ escrevemos.
Fonema é o que ouvimos/ falamos.
Agora é só prestar atenção na maneira que a palavra é pronunciada. No caso do dígrafo, a quantidade de fonemas tem que ser menor do que a quantidade de letras.
Exemplos:
– Cachimbo: 8 letras/ 7 fonemas
– Chumbo: 6 letras/ 5 fonemas
– Sangue: 6 letras/ 5 fonemas
– Toque: 5 palavras/ 4 fonemas
Em todas as palavras com dígrafos, ouve-se uma letra a menos do que a palavra realmente possui.
Nos encontros consonantais pode-se aplicar a mesma técnica, só que, nesse caso, a palavra vai ter a mesma quantidade de letras e de fonemas, pois no encontro consonantal cada letra tem o seu próprio som.
Exemplos:
– Treino: 6 letras/ 6 fonemas
– Palavra: 7 letras/ 7 fonemas
– Livro: 5 letras/ 5 fonemas
– Claridade: 9 letras/ 9 fonemas
Aqui, todas as letras são pronunciadas de forma clara dentro da palavra.
Vamos relembrar o que é dígrafo? Essa função existente na ortografia brasileira corresponde a união de duas letras que soam como uma única, ou seja, um único fonema. Outra forma de chamar essa função é a palavra “digrama”, que é a junção dos termos “di” e “grama”, que significam “dois” e “letra”, respectivamente.
Chuva – onde o “ch” pode ser lido com som de “X”.
Pássaro – onde as vogais “ss” tem som de um único “S”.
Cresça – onde as vogais “sç” soam como a letra “s”.