O Grupo Mobra anunciou oficialmente que está pedindo falência e que vai fechar as portas. A empresa atua na área de segurança e de vigilância já encerrou as suas atividades. De acordo com as informações oficiais, pouco mais de 2,5 mil trabalhadores foram dispensados. O grupo atuava há mais de 40 anos nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo relatos de funcionários, o Grupo estava passando por uma série de dificuldades, e não estava realizando pagamentos para os seus empregados há alguns meses. Os atrasos se tornaram mais recorrentes com o decorrer do tempo, até que a empresa anunciou oficialmente a falência.
Segundo a companhia, o fechamento teria ocorrido por dois motivos principais. Um deles foi o efeito da pandemia nas contas internas. Durante este período, vários serviços foram fechados para evitar a contaminação em massa. Além disso, a empresa também alega que existiu uma espécie de “concorrência desleal” com os preços que estavam muito abaixo do mercado.
“Fizemos o que era humanamente possível fazer para garantir a continuidade da empresa. Os preços praticados pelos concorrentes eram predatórios, inviabilizando a operação”, afirma Antônio Carlos Coelho, sócio-administrador do Grupo Mobra.
A empresa também alega que nos últimos meses teve seus contratos de prestação de serviço rescindidos com a Caixa Econômica Federal, com a Prefeitura de Porto Alegre, com o Banco do Brasil e com o Banrisul. Esta sequência de rescisões teria ocasionado um grande impacto para a empresa, que perdeu metade da sua receita bruta. O Grupo Mobra também prestava serviços para o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul.
Recentemente, a Mobra quitou parte dos seus passivos trabalhistas. Agora depois do processo de falência oficialmente decretado, a ideia é liquidar as demais dívidas. Hoje, a estimativa da própria empresa é de que tais endividamentos já tenham atingido a marca dos R$ 15 milhões.
“Em mais de quatro décadas, nunca havíamos atrasado os salários. Todo nosso esforço foi pela preservação das atividades e, principalmente, dos mais de 2.500 empregos. Aos colaboradores, familiares, parceiros e amigos, nosso agradecimento por terem sido parte dessa história. Muito construímos, inovamos e fizemos a diferença, nos tornando uma das empresas mais tradicionais do setor no país. E nada apagará essa trajetória”, completa a nota divulgada.
Embora a falência do Grupo Mobra tenha sido um baque para milhares de empregados da região Sul, ainda não é possível afirmar que este seja um movimento que está ocorrendo em todo o Brasil. Dados oficiais, aliás, mostram que o país está em processo de crescimento de criação de empresas.
Segundo cálculos do economista José Roberto Afonso, entrevistado pelo jornal O Globo no final da última semana, no primeiro trimestre deste ano, o Brasil criou mais empresas do que empregos formais. Nos primeiros três meses do ano, foram 1 milhão de novas empresas, ao mesmo passo em que foram criados 526 mil vagas de emprego.
A grande maioria dos novos empregos, aliás, foram criados pela abertura de micro e pequenas empresas. Estima-se que cerca de 403 mil novos trabalhadores tenham entrado neste ramo nos primeiros três meses deste ano.
Curiosamente, boa parte destes números vem de um mérito dos estado do Sul, região do grupo Mobra. No Paraná, por exemplo, o tempo médio para abertura de uma empresa é de 14 horas. Este é o tempo médio que o cidadão pode levar para se tornar um empresário neste estado.
“O Paraná processou o terceiro maior volume de pedidos de abertura de empresas no mês passado (maio), com 4.645 registros, ficando atrás somente de São Paulo, com 20.984 registros, e Minas Gerais, com 5.434. Do total de empresas abertas no Estado, 97% concluíram o trâmite em até 3 dias, 2% em até 5 dias e 1% em até 7 dias. Nenhuma demorou mais de 7 dias”, diz o governo do estado.