A depressão existencial ainda é pouco explorada em nosso país, sendo mais mencionada no âmbito acadêmico estrangeiro. De todo modo, está intimamente relacionada com à depressão que, como uma doença multifatorial, pode se apresentar em diversos contextos da vida de um sujeito.
A depressão que conhecemos, costumeiramente, relaciona-se com à apatia, à anedonia (perda de prazer) e à falta de desejo de praticar qualquer tipo de atividade. É como se a vida não proporcionasse prazeres e não houvesse um porquê para seguir em frente.
Em paralelo a isso, temos a depressão existencial. Esta se relaciona mais diretamente com a origem das coisas, da vida e com o futuro. Está associada com o “sentido da vida”, reconhecendo a nós mesmos como “pequenos seres no universo”, que cedo ou tarde terão que perder a vida.
Estamos fadados à morte, e isso é um fato. Esta é, sem dúvidas, a única certeza da vida. Entretanto, esta certeza pode desencadear a chamada depressão existencial em algumas pessoas, que deixam de compreender porque existem e porque vivem, se um dia tudo acabará.
Assim, para além da anedonia, a depressão existencial associa-se com uma falta de propósito. A pessoa pode até sentir prazer com determinada atividade, mas questiona-se o tempo todo com relação ao futuro e ao sentido da vida.
Desse modo, depara-se com cada vez mais questionamentos, acreditando que a vida humana não tem um objetivo claro. Que somos apenas pequenos seres em um universo vasto.
Todos estes pensamentos vão minando a mente e tirando o foco do presente, dos sonhos e das possibilidades nas quais podemos viver em nossa breve e pequena vida finita.
O depressivo existencial pode ancorar os seus pensamentos nas injustiças que vê em sua volta. Questiona-se acerca da falsidade das pessoas e de suas necessidades materiais que, em essência, não agregam em nada.
Passa a desacreditar nos sonhos, enxergando a vida como um eterno acúmulo de fracassos. Afinal, como não temos como atingir quaisquer plenitudes em nossas vidas, estaremos fadados a apenas “correr atrás” de algo que nem sabemos o que é.
A depressão existencial costuma acometer pessoas estudiosas e que gostam de aprender cada vez mais sobre a sociedade, a origem da vida e do planeta e tudo que envolve o desenvolvimento humano. Por consequência, acaba por perceber que a vida não tem um objetivo claro, e que estamos vivendo “à deriva”.
De todo modo, estes gatilhos costumam ser mais fortes quando a morte afeta alguém próximo à pessoa, através de uma perda significativa; ou então, quando a sensação de solidão faz com que o sujeito sinta-se sozinho, pois é o único que pensa de determinada forma. É como se seus questionamentos não fossem escutados por ninguém, desencadeando angústia, crises existenciais e tristeza.
Compreender a finitude da vida é essencial em qualquer contexto. Ao termos isso em mente, passamos a valorizar mais o nosso presente. Entretanto, não podemos permitir que a finitude simplesmente nos arranque a possibilidade de vivermos uma vida com quem amamos.
Desse modo, uma das medidas que podem ser tomadas diante da depressão existencial é a busca por suporte através da psicoterapia. Assim, o sujeito estimula o seu autoconhecimento, entende os seus limites e pode, pouco a pouco, desenvolver um sentido para a sua vida.
Afinal, quando paramos para analisar a situação, percebemos que, em essência, o sentido da vida é dar sentido à vida, e é exatamente este processo que a psicoterapia fará, juntamente com o sujeito. Ele mesmo encontrará os seus sentidos, para a sua vida valer à pena.