De acordo com especialistas, a vacina contra Covid-19 e as novas variantes do coronavírus não alteram a recomendação sobre o uso de máscaras em público. A previsão é de que a proteção só deva ser abandonada quando a pandemia tiver acabado de fato.
Recentemente, a descoberta de novas linhagens mais transmissíveis fez com que autoridades de alguns países da Europa apontassem que máscaras de pano não seriam eficazes. No entanto, a recomendação de uso de máscaras profissionais (N95) não tem embasamento científico, segundo a infectologista Silvia Figueiredo Costa, professora do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP.
“Alguns países europeus, como França e Áustria, estão revendo o tipo de máscara recomendada para população por causa das novas variantes. Entretanto, essa mudança na recomendação não tem embasamento científico”, explica a médica à Agência Einstein, ligada ao Hospital Albert Einstein.
Na Áustria, apenas pessoas com máscaras PFF2 (N95) podem entrar em lojas ou pegar transporte público. Tais máscaras são mais eficientes na proteção contra aerossóis e, segundo as autoridades do país, garantem mais proteção contra as novas variantes do coronavírus.
Silvia, por sua vez, considera precoce a recomendação sobre uso de máscaras N95. Isso porque máscaras de pano, desde que tenham duas ou três camadas, oferecem filtragem de 70% contra partículas de vírus, incluindo novas variantes. A infectologista ressalta que embora as novas variantes possam ser mais transmissíveis, não foram encontradas evidencias que apontem para uma mudança do tamanho da partícula viral.
“Até o momento, a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças continuam recomendando máscaras de tecido com três ou duas camadas. Além do custo das máscaras cirúrgicas e FFP2, o uso indiscriminado desse tipo de máscara geraria uma quantidade grande de lixo em um momento de escassez de insumos no mundo”, pondera a pesquisadora.
Já ficou evidente que a pandemia é um problema coletivo. Dessa forma, o principal objetivo da vacinação é criar uma barreira imunológica contra a Covid-19. Como ainda não há evidências que apontem que as vacinas atuais impeçam a transmissão do vírus, o uso de máscaras é necessário mesmo aos vacinados.
“O fato de uma pessoa ter sido vacinada não significa que ela deva abandonar as máscaras, pois não sabemos ainda se ela poderá transmitir a doença mesmo imunizada. O uso das máscaras deverá continuar até que tenhamos a pandemia controlada e que o número de casos baixe significativamente. Provavelmente, isso não acontecerá até o fim do ano”, explica o infectologista Gustavo Henrique Johanson, do Hospital Israelita Albert Einstein.