A cientista Akiko Iwasaki, da Universidade de Yale, defende que os EUA enviem vacinas contra Covid-19 ao Brasil “o mais rápido possível”.
Responsável por uma equipe que já publicou mais de 20 artigos sobre o coronavírus, a pesquisadora considera que a situação no país “é terrível” e “requer ajuda internacional”.
“A situação, de fato, é terrível no Brasil. Os hospitais estão lotados, não há leitos de UTI suficientes, alguns lugares até estão ficando sem oxigênio. Esta é uma situação crítica”, disse Iwasaki em entrevista à BBC News Brasil.
De acordo com a pesquisadora, além de aumentar a vacinação contra Covid-19, o Brasil precisa adotar medidas restritivas para combater a doença que já matou mais de 300 mil pessoas no país.
“Há muitas coisas que podem ser feitas para mitigar a situação, incluindo lockdown, uso de máscara, e evitar aglomerações”, diz a cientista.
Para ela, entretanto, o Brasil sofre pela falta de liderança de Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento ao coronavírus.
“A liderança é crucial para controlar a pandemia. Na ausência de um líder que use dados e ciência para se guiar, temo que o Brasil se encaminhe para uma expansão ainda maior de infecção, sofrimento e morte. As pessoas no Brasil precisam de ajuda internacional. Espero que o governo brasileiro não atrapalhe em tais esforços”, conclui a cientista.
Assim como Iwasaki, o líder da força-tarefa dos EUA contra a Covid-19, Antony Fauci, disse estar preocupado com a situação no Brasil e que pretende ajudar, mas não deu detalhes.
“Vamos conversar com autoridades brasileiras […] Estamos muito preocupados com a difícil situação do Brasil e vamos discutir maneiras de sermos úteis para o Brasil. Não posso dar detalhes, quero ver o que eles apresentam para podermos ver como ajudá-los no futuro”, disse Fauci em coletiva de imprensa nesta quarta (24).
Com os olhos voltados ao Brasil, há algumas semanas, a pesquisadora pediu para que as fabricantes Moderna e Pfizer adequem suas vacinas para combater a variante P1, encontrada pela primeira vez no estado do Amazonas.
“É provável que as vacinas existentes ofereçam proteção significativa. Minha única razão para sugerir a vacina feita com o spike da P1 é porque a P1 parece ser capaz de reinfectar pessoas que já tiveram a infecção original de SARS-CoV-2. Isso implica que a resposta imune induzida pela proteína spike original (e todas as outras proteínas virais) pode ser ineficaz na proteção contra P1”, diz a especialista.
“Não quero que minha sugestão crie uma situação do tipo “o ótimo que é inimigo do bom”. A questão mais importante e urgente é distribuir as vacinas existentes para as pessoas no Brasil, o mais rápido possível”, conclui Iwasaki.