Em carta aberta com mais de 500 assinaturas, economistas e banqueiros exigem do governo medidas mais efetivas para combater o avanço da pandemia de Covid-19 no país, como distribuição gratuita de máscaras, aceleração da vacinação e implementação do distanciamento social local com coordenação federal.
O documento ainda pede a criação de um mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional e que o país se guie por experiências bem sucedidas.
“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia, e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive.”, diz a carta.
Entre os signatários do documento há nomes conhecidos, como os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan, Maílson da Nóbrega, Marcílio Marques Moreira e Ruben Ricupero, e os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Affonso Celso Pastore, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida.
Outros famosos membros do mercado financeiro também assinam a carta, incluindo o conselheiro do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, e o presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira.
O documento será entregue aos chefes dos três poderes: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Para o grupo de signatários da carta, a saída da pandemia de Covid-19 é a vacinação em massa, que ficou ainda mais urgente após o surgimento de novas variantes do coronavírus. “Infelizmente, estamos atrasados”, afirmam os economistas lembrando que no ritmo atual a vacinação no Brasil levará cerca de 3 anos. “As consequências são inomináveis.”.
“Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade”, afirmam. “Elas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo. Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para isso. Em 1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em apenas um mês.”
Segundo o grupo, a falta de doses de imunizantes no Brasil se dá pelo atraso na aquisição por parte do governo federal. “A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação.”, diz o documento.
Além da vacinação, o grupo coloca como essencial a implementação de medidas de distanciamento social e a distribuição de máscaras mais eficientes em conjunto com uma campanha de conscientização sobre a importância do uso, “em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos”.
Leia aqui a íntegra da carta dos economistas e banqueiros.