Sem doses suficientes para cumprir a primeira etapa do Plano Nacional de Imunização contra Covid-19, o Brasil corre o risco de ser obrigado a interromper a campanha de vacinação iniciada nesta semana.
Segundo levantamento do portal UOL, cerca de 14,8 milhões de brasileiros formam o grupo prioritário, enquanto o país possuí apenas 6 milhões de doses da CoronaVac aprovadas para uso emergencial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O Instituto Butantan, responsável no Brasil pelo imunizante da chinesa Sinovac, enviou novo pedido de uso emergencial, agora para cerca de 4,8 milhões de doses envasadas em território nacional. Dessa forma, no total, o país conta com 10,8 milhões de doses da CoronaVac prontas para uso. O número representa pouco mais de um terço do necessário, pois a vacina é aplicada em duas doses, o que gera uma demanda por um total de 29,6 milhões de doses para imunizar o grupo prioritário do plano de vacinação.
Mesmo após aprovação das doses da CoronaVac envasadas no Brasil, seria possível vacinar apenas 5,4 milhões de brasileiros, o que representa 2,5% da população do país. Apesar de ter capacidade de produzir 1 milhão de doses por dia, o Instituto Butanta depende da importação de insumos da China.
O acordo com a Sinovac prevê matéria prima suficiente para produção de 46 milhões de doses da CoronaVac. No entanto, não há previsão para a chegada do próximo lote de insumos ao Brasil. Segundo Dimas Covas, presidente-diretor do Butantan, o instituto aguarda a liberação dos materiais pelo governo chinês há 15 dias. Apesar do atraso, o Butantan alega estar dentro do cronograma que prevê entre de 8,7 milhões de doses no mês de janeiro.
A falta de doses deve gerar atraso no Plano de Imunização Nacional e, segundo a previsão mais otimista do Ministério da Saúde, a vacinação pode terminar apenas no segundo trimestre de 2022. A previsão vai de encontro com o que pensa o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBlm), Juarez Cunha.
“É muito ambicioso a gente pensar que teremos vacina e teremos insumos suficientes para vacinar toda a população. Tomara que isso seja viável, mas os cenários são muito incertos para a gente fazer qualquer previsão. O início da campanha já nos mostra a dificuldade que a gente está tendo inclusive para colocar em prática a estratégia prevista inicialmente.”, disse Juarez.
Para contornar o problema da escassez de doses, deve haver priorização de um público-alvo dentro do grupo prioritário formado por profissionais de saúde, idosos maiores de 75 anos, idosos acima de 60 que vivem em asilos, indígenas e comunidades tradicionais ribeirinhas. A prioridade, ao menos no estado de São Paulo, será dos profissionais de saúde que trabalham na linha de frente do combate à Covid-19.
“Infelizmente, nós não temos doses para todos, então nós vamos priorizar aquelas pessoas que estão na linha de frente, que atendem nos prontos-socorros, que atendem nas enfermarias, que atendem nas próprias UTIs (Unidades de Terapia Intensiva)”, disse Gorinchteyn, secretário de Saúde do estado de São Paulo em entrevista ao SP1, da TV Globo